Dizem por aí que não é saudável guardar notas e recibos de tudo que compramos e pagamos. Que devemos nos livrar destes papéis, geralmente após cinco anos. Este pensamento não tem vez comigo. E nem com meus pais. Ainda bem, pois graças ao zelo deles, consegui reaver mais um pedaço de História.
Inicio esta viagem no tempo com a nota fiscal do gravador Sharp RD-600X, sobre o qual comentei brevemente aqui no blog. O aparelho foi comprado em 22 de dezembro de 1981, na loja Hermes Macedo, ao custo total de Cr$ 8.5000,00 (sim, eram os tempos do cruzeiro). Foi adquirido por qualquer motivo: por ser novidade ou para gravar situações corriqueiras, vai saber. Eu mesmo gravei a mim mesmo brincando com meus bonekrinhos. Com este equipamento também foram feitos registros do inigualável Circo de Cidra Beach (só quem viveu sabe). Tudo isto, entretanto, é conversa para outra ocasião. Este equipamento, alguns anos depois, foi o primeiro reprodutor de fitas cassete que usei com meu MSX.
A máquina do tempo viaja cinco anos adiante, com a nota fiscal de compra de meu Supergame VG-2800 da CCE. Comprado na Casa dos Gravadores, em 5 de agosto de 1986, com custo total de Cr$ 1.131,00. Inclusive atualizei minhas Lembranças do Atari com este achado.
Há tempos eu procurava a próxima nota. Não me recordava onde meu HotBit HB-8000 fora comprado. Agora tenho esta informação em definitivo. Meu garboso microcomputador também foi adquirido na Casa dos Gravadores (exatamente na mesma loja em que se deu a compra do Supergame CCE), em 11 de agosto de 1987, ao custo de Cr$ 16.562,00.
Na seqüência, a nota fiscal de compra do Data-Corder DR-1 da Gradiente. Adquirido na loja Arno Decker, em 25 de abril de 1989, com preço total de Cz$ 282,99 (a moeda aqui era o cruzado). Perceba que só o adquiri dois anos após a compra do HotBit. Neste período, o gravador da Sharp quebrou (e muito) o galho.
Tanto o gravador Sharp RD-600X quanto o Supergame CCE VG-2800 não fazem mais parte de minhas posses. Mas o HotBit HB-8000 e o Data-Corder DR-1 mantenho em perfeito estado de funcionamento.
E se você não entendeu a variação de preços e os valores "absurdos" dos produtos mostrados acima, dou as boas-vindas aos anos 1980 no Brasil. Um console de videogame era vendido por mais de mil dinheiros, um simples gravador de fita cassete era oferecido por mais de 8 mil dinheiros e um microcomputador custava mais de 16 mil dinheiros. Naquela época, o problema muitas vezes nem era o preço de determinado produto, mas o dinheiro, que não tinha qualquer valor. Tempos de moedas fracas, planos econômicos fracassados, trocas de moedas, "tira centavo, coloca centavo, tira zeros das cédulas". Se pensar bem, do jeito que a economia está no atual momento, não seria surpresa se voltássemos a patamares parecidos. Como diria S.D. Bob "Snake" Plissken:
A última nota que apresento, datada de 4 de abril de 1991, é proveniente da Casa das Agulhas, onde adquiri meu primeiro disquete piratex para MSX, conforme já relatei neste texto. Nesta época, a moeda era novamente o cruzeiro.