Não tentemos fingir puritanismo.
O mercado de informática e tecnologia no Brasil dos anos 1980 (incluindo videogames)
foi em grande parte dominado pela pirataria, fosse ela a "pirataria
oficial" ou a mais simples cópia descarada. Eram os tempos de reserva de
mercado, de pouca ou nenhuma opção para aquisição de produtos deste setor. O
que veio a seguir foi o mais puro exemplo do "jeitinho brasileiro". A
partir de então, os mais diversos equipamentos foram "clonados", softwares
eram copiados e distribuídos sem as devidas licenças, mesmo por empresas
renomadas. Esta prática se tornou corriqueira. E o corriqueiro se tornou
cultura.
Após ganhar meu
HotBit HB-8000, fui atrás de mais programas e jogos para o sistema. De início,
adquiri cartuchos da Sharp-Epcom, em
embalagens bonitas, com caixa e manual. A seguir, vieram as fitas da Engesoft,
também com caixa, folheto de instruções, catálogo. Tudo supostamente oficial e licenciado, ingenuamente pensava eu. Na verdade, bons exemplos da
"pirataria oficial".
A pirataria "real" no MSX começou para mim com a aquisição de uma fita em especial. Infelizmente, a memória me falha para apontar o local em que adquiri tal produto. Pode ter sido em alguma loja piratex na popular Galeria do Rosário. Mas também pode ter sido na antológica Casa das Agulhas, situada à Galeria Luza (onde adquiri diversos jogos para MSX em disquetes, igualmente piratas). Provavelmente foi nesta última.
A pirataria "real" no MSX começou para mim com a aquisição de uma fita em especial. Infelizmente, a memória me falha para apontar o local em que adquiri tal produto. Pode ter sido em alguma loja piratex na popular Galeria do Rosário. Mas também pode ter sido na antológica Casa das Agulhas, situada à Galeria Luza (onde adquiri diversos jogos para MSX em disquetes, igualmente piratas). Provavelmente foi nesta última.
Como em tantas outras piratehouses,
o cliente adentrava a loja, tinha diante de si um catálogo com diversos
títulos, escolhia aqueles que desejava, informava ao atendente, que anotava o
pedido. E, em um ou dois dias depois, a fita estava pronta para entrega.
Assim obtive minha primeira fita
piratex, uma BASF Ferro Extra I 60, com três jogos. Obviamente, não havia uma
embalagem mais caprichada, apenas o estojo comum da fita.
Também não havia manual de instruções, catálogo ou similares. Apenas um pedaço de papel, com os comandos para carregar cada jogo, escritos pelo profissional pirateiro.
Também não havia manual de instruções, catálogo ou similares. Apenas um pedaço de papel, com os comandos para carregar cada jogo, escritos pelo profissional pirateiro.
Como gurizinho juvenil fascinado por filmes e gibis, os jogos escolhidos refletiram bem esta predileção, com três personagens icônicos (na verdade, dois, já que um dos jogos não era exatamente o que dizia ser).
Batman
Um "sensacional jogo"
no estilo de adventure com visão isométrica, lançado pela Ocean em 1986.
Infelizmente, pouco tem a ver com os gibis ou mesmo com a série dos anos 1960
(exceto pela música de abertura). O que vale aqui é o desafio dos
quebra-cabeças do jogo. A versão presente na fita piratex é exatamente igual à
original, sem alteração de textos, por exemplo.
Mobile-Suit Gundam
O famoso "jogo do
Jaspion". Já comentei sobre esta pérola aqui no blog. Apenas mais um impagável exemplo da criatividade brasileira.
RoboCop
RoboCop
Clássico absoluto, que já
analisei amplamente neste texto. A versão presente na fita piratex possui
textos modificados pela piratehouse, além de não apresentar a tela de
carregamento com a imagem do personagem, como mostra o vídeo a seguir.
Certamente, este fato torna esta versão única.
E está apresentada a primeira
fita piratex do MSX que adquiri nos tempos áureos, hoje preservada em formato
digital. Outras virão. Aguarde e confie.