sexta-feira, 17 de abril de 2020

Fita MSX piratex: BASF 1

E chegou o momento de discorrer sobre a primeira fita piratex que adquiri para o MSX.


Não tentemos fingir puritanismo. O mercado de informática e tecnologia no Brasil dos anos 1980 (incluindo videogames) foi em grande parte dominado pela pirataria, fosse ela a "pirataria oficial" ou a mais simples cópia descarada. Eram os tempos de reserva de mercado, de pouca ou nenhuma opção para aquisição de produtos deste setor. O que veio a seguir foi o mais puro exemplo do "jeitinho brasileiro". A partir de então, os mais diversos equipamentos foram "clonados", softwares eram copiados e distribuídos sem as devidas licenças, mesmo por empresas renomadas. Esta prática se tornou corriqueira. E o corriqueiro se tornou cultura.

Após ganhar meu HotBit HB-8000, fui atrás de mais programas e jogos para o sistema. De início, adquiri cartuchos da Sharp-Epcom, em embalagens bonitas, com caixa e manual. A seguir, vieram as fitas da Engesoft, também com caixa, folheto de instruções, catálogo. Tudo supostamente oficial e licenciado, ingenuamente pensava eu. Na verdade, bons exemplos da "pirataria oficial".


A pirataria "real" no MSX começou para mim com a aquisição de uma fita em especial. Infelizmente, a memória me falha para apontar o local em que adquiri tal produto. Pode ter sido em alguma loja piratex na popular Galeria do Rosário. Mas também pode ter sido na antológica Casa das Agulhas, situada à Galeria Luza (onde adquiri diversos jogos para MSX em disquetes, igualmente piratas). Provavelmente foi nesta última.

Como em tantas outras piratehouses, o cliente adentrava a loja, tinha diante de si um catálogo com diversos títulos, escolhia aqueles que desejava, informava ao atendente, que anotava o pedido. E, em um ou dois dias depois, a fita estava pronta para entrega.

Assim obtive minha primeira fita piratex, uma BASF Ferro Extra I 60, com três jogos. Obviamente, não havia uma embalagem mais caprichada, apenas o estojo comum da fita.


Também não havia manual de instruções, catálogo ou similares. Apenas um pedaço de papel, com os comandos para carregar cada jogo, escritos pelo profissional pirateiro.


Como gurizinho juvenil fascinado por filmes e gibis, os jogos escolhidos refletiram bem esta predileção, com três personagens icônicos (na verdade, dois, já que um dos jogos não era exatamente o que dizia ser).

Batman
Um "sensacional jogo" no estilo de adventure com visão isométrica, lançado pela Ocean em 1986. Infelizmente, pouco tem a ver com os gibis ou mesmo com a série dos anos 1960 (exceto pela música de abertura). O que vale aqui é o desafio dos quebra-cabeças do jogo. A versão presente na fita piratex é exatamente igual à original, sem alteração de textos, por exemplo.

 
Mobile-Suit Gundam
O famoso "jogo do Jaspion". Já comentei sobre esta pérola aqui no blog. Apenas mais um impagável exemplo da criatividade brasileira.


RoboCop
Clássico absoluto, que já analisei amplamente neste texto. A versão presente na fita piratex possui textos modificados pela piratehouse, além de não apresentar a tela de carregamento com a imagem do personagem, como mostra o vídeo a seguir. Certamente, este fato torna esta versão única.


E está apresentada a primeira fita piratex do MSX que adquiri nos tempos áureos, hoje preservada em formato digital. Outras virão. Aguarde e confie.