segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

RoboCop, o clássico

Um filme clássico. Um jogo memorável.

É hora de discorrer sobre RoboCop, em sua versão para MSX.



O jogo é um "clássico do MSX", embora, na verdade, seja uma conversão do ZX Spectrum, igualmente aclamada neste sistema. E que por sua vez é uma adaptação do jogo de fliperama.

A versão de fliperama ficou conhecida pela qualidade gráfica e sonora, além da dificuldade exagerada e de diversas liberdades criativas em relação ao enredo do filme.


Já a versão do Spectrum é totalmente fiel aos acontecimentos da obra cinematográfica. E se os gráficos e sons são muito inferiores ao jogo de fliperama, ainda assim exploram todo o potencial da máquina da Sinclair (com direito a algumas vozes digitalizadas). E nem preciso comentar sobre a trilha sonora cativante.


O jogo foi produzido em 1988 pela Ocean Sofrware e lançado para diversas plataformas, incluindo o MSX. Ao invés de uma versão específica para este sistema, o que se viu foi uma conversão do jogo do Spectrum. E como de praxe à época, a conversão para MSX tinha seus problemas, mesmo com um hardware superior. Saíram as vozes digitalizadas e a velocidade diminuiu. Mas exceto por estes detalhes, é o mesmo jogo do Spectrum, o que já serve para constituir uma das melhores conversões entre os dois sistemas.

O grande diferencial deste jogo para a versão de fliperama é que a ação incessante dá lugar à estratégia. Ao invés de sair dando socos e tiros (e tentar durar mais do que dois minutos no jogo de fliperama), no MSX o importante é saber utilizar as armas, atacando no momento certo, para evitar desperdício de munição e esquivar dos ataques inimigos da melhor forma possível.

A ação começa nas ruas de Detroit, onde RoboCop enfrenta meliantes que atiram com armas de fogo ou atacam com serras elétricas. Os bandidos também atacam das janelas dos prédios. O herói anda à direita e à esquerda, agacha e pode disparar para os lados e para cima, incluindo em diagonal. Desde a primeira fase é possível obter três diferentes tipos de munição: padrão (que gasta entre duas a oito balas para eliminar os inimigos),  potente (que mata os inimigos com um ou dois tiros) e triplo (que dispara em três direções diferentes). Ainda, se estiver sem munição ou se estiver próximo a um inimigo, RoboCop desfere socos.

A interface do jogo.
As armas, o placar, o tempo, a energia e as vidas do personagem.
A aventura se inicia.
Encerrada a primeira fase, RoboCop precisa salvar uma donzela, refém de um meliante que não pretendia coisa boa para com ela. Aqui o jogo muda seu estilo. A ação acontece em primeira pessoa, onde o jogador controla a mira do personagem e precisa disparar contra o bandido sem atingir a moçoila. Tal qual no filme. Há ainda o detalhe bacana dos vidros que se quebram com disparos.


De volta às ruas (e ao estilo de jogo em progressão lateral), RoboCop enfrenta mais uma turma de bandidos, alguns em motocicletas, inclusive em frente a um posto de gasolina (tal qual no filme).

"Morto ou vivo, você vem comigo".
Após estas três fases de enfrentamentos, o jogo muda seu estilo novamente. Agora é preciso identificar o retrato de um meliante para descobrir suas informações no banco de dados da polícia (tal qual no filme, como você já imaginou). Interessante notar que, a cada jogo, o retrato é aleatório. Portanto, não adianta querer memorizar a imagem.

Emil, gente boa, currículo invejável.
De volta ao estilo de progressão lateral, é preciso invadir a fábrica de narcóticos (tal qual no filme). Apesar de voltarmos ao estilo inicial, há novidades. RoboCop pode subir e descer escadas, o que adiciona novas estratégias para enfrentar inimigos, já que agora é possível disparar em todas as direções.


A seguir, o herói se encontra no prédio da OCP, no escritório do cretino Dick Jones, pronto para prendê-lo. Porém, entra em cena a diretriz 4. RoboCop é incapacitado e perde sua arma. Surge então o terrível ED-209 para acabar com o policial do futuro. O herói dispõe apenas dos próprios punhos para enfrentar o inimigo. Tal qual no filme.


É preciso desviar dos disparos do ED-209 e acertá-lo com três potentes socos. Parece fácil. Só parece. Se o jogador não encontrar o tempo certo de ação, será sempre subjugado pelos ataques do robô assassino. Uma vez derrotado o inimigo, tem início a fase seguinte, em que é preciso fugir do prédio da OCP (tal qual no filme). Uma nova mecânica é apresentada: o uso de elevadores.


Após sair do prédio da OCP, a nova fase leva o herói ao cenário da siderúrgica, onde mais e mais meliantes atacam (tal qual no filme). E aqui é apresentada a quarta (e mais potente) arma do jogo, a Cobra Assault Cannon, que com apenas um disparo elimina tudo que estiver em sua frente.

Enfrentar o ED-209 com a Cobra Assault Cannon chega a ser covardia.
A seguir, é preciso derrotar o maldito Dick Jones e salvar o presidente da OCP. Tal qual no filme. Novamente temos a mira do RoboCop e a ação se dá em primeira pessoa. 


Uma vez derrotado o vilão, surge apenas uma mensagem de congratulações. Poderia ter uma imagem do herói, mas enfim, o importante é que o presidente está são e salvo. E como "o combate ao crime nunca tem fim", a jogatina então reinicia.


Muito, mas muito joguei esta obra, em uma fita cassete piratex adquirida na antológica Casa das Agulhas. E de tempos em tempos volto a jogar, seja no MSX real ou em emuladores. Eis um vídeo com o jogo completo.


E assim é o clássico. Com total fidelidade aos acontecimentos e lugares do filme, empregando bons estilos de jogo, de forma simples, sem perder o foco na jogabilidade e no divertimento. Não é à toa que esta obra se tornou adorada pelos fãs (do Spectrum, do MSX e do RoboCop).