Quem acompanha este singelo blog já testemunhou minhas aventuras ao recuperar e recordar minhas fitas cassete de MSX. Também já conheceu meus cartuchos da Sharp-Epcom. E já deve ter lido tantos outros textos sobre este que é meu microcomputador predileto. Agora tem início mais uma epopéia. Finalmente consegui preservar todo o conteúdo de meus disquetes 5 1/4 de MSX.
Por muito tempo estudei formas de digitalizar meus discos. Sempre me parecia complicado e trabalhoso, fosse conectar um drive de disquetes 5 1/4 a um PC atual ou um leitor de disquetes 3 1/2 a meu HotBit HB-8000. Pensei em levar meus equipamentos na casa de um amigo, dono de um Expert DD Plus. A idéia era conectar meu drive no Expert e copiar de meus disquetes 5 1/4 para disquetes 3 1/2. E depois ler estes em meu PC. Mas talvez esbarrasse em problemas de formatação dos discos a serem lidos entre MSX e PC (o que poderia jogar todo o esforço fora). Também cogitei obter algum dispositivo para conectar o HotBit à rede Ethernet.
De todas as alternativas, me pareceu mais simples adquirir um cartucho que permitisse fazer a interface entre MSX e PC sem grandes engenharias. Assim comprei a SD Mapper MegaRAM 512Kb. Eu já tinha interesse neste tipo de item, para poder rodar no MSX real jogos e programas com os quais nunca tive contato nos tempos áureos. Mas resolvi comprar mesmo para poder preservar meus disquetes.
Simples, eficiente, funcional. Bastou inserir o cartucho no slot 1 do HotBit, conectar meu drive de disquetes no slot 2 e pronto. O drive foi reconhecido e acessado sem problemas. O conteúdo de todos os disquetes foi copiado para o cartão de memória inserido no cartucho, com um simples comando "COPY". Em termos de estrutura de disco, ainda que não tenham sido criadas imagens fidedignas de cada disquete, o importante para mim era preservar os arquivos: diversos programas e jogos clássicos, algumas raridades e pérolas das piratehouses locais.
Sem mais delongas, apresento o primeiro disquete que operei nos tempos áureos.
Este disco Tech veio junto com meu drive de disquete 5 1/4 DDX da Digital Design Eletrônica. Nele está presente o sistema DDX-DOS 1.20 (uma versão modificada do MSX-DOS).
Além do ambiente habitual do MSX-DOS, há um aplicativo apresentado na tela inicial, chamado "COPIASIS", que basicamente serve para criar uma cópia do sistema operacional.
Também estão presentes três
clássicos jogos. Todos são oferecidos neste disquete em versões
modificadas, sem os créditos das desenvolvedoras (exceto por este detalhe, em nada diferem dos originais).
Antarctic Adventure dispensa apresentações. Obra da Konami lançada em 1983. O famoso jogo do simpático pingüim Penta, que deve atravessar cenários gelados para alcançar as estações de pesquisa em meio a diversos obstáculos. Apenas viciante.
Funky Mouse foi
desenvolvido pela ZAP em 1984. O jogador controla um ratinho que deve percorrer
um mapa e coletar queijos nele espalhados, enquanto evita os implacáveis gatos. O jogador se move em todas as direções, com um mapa ao lado direito da tela a indicar sua posição.
E Pitfall II: Lost Caverns é a continuação do seminal clássico do Atari 2600. Produzido pela Activision em 1984, apresenta jogabilidade com mais variações em relação ao antecessor. Agora é possível nadar e voar com a ajuda de balões, por exemplo. O mapa se estende verticalmente. Apesar de não ter o mesmo charme do primeiro jogo, é tão desafiante quanto.
O tempo passou, adquiri mais disquetes com jogos e programas. Minhas habilidades no mundo da informática e programação aumentaram. Como a maioria dos meus discos era utilizada para armazenar jogos, decidi gravar neste Tech alguns pequenos programas. Gravei estes arquivos no formato do Basic e, em geral, os acessava fora do ambiente DDX-DOS (na tela do DDX-Basic).
Primeiro, o Multicopiador Binário, escrito por Mathias August Gruber, cuja listagem foi apresentada na revista CPU MSX #19.
É um simples e competente aplicativo para fazer cópias de disquetes e conversões de fitas cassete. Como bom programador mirim metido a hacker da época, não me contive: modifiquei a tela de abertura e passei a chamar o programa de "MSX Copy".
Depois, um digitalizador de voz. Também simples e eficaz. Bastava conectar o Data Corder ao MSX com alguma fita de música ou qualquer outro som, digitar o comando específico para gravar e rodar a fita. Depois, digitar o comando para reprodução do som capturado e testemunhar a mágica.
Ainda, gravei neste disquete um "arquivo secreto". Trata-se de Yab Yum, jogo "educativo" produzido na Holanda, em 1985. Uso de ironia com a palavra "educativo", mas talvez haja mesmo uma certa verdade, já que o autor, Tom Gerritsen, se apresentava como pedagogo.
E por que este jogo está escondido no disco? Para evitar que meu irmão, à época ainda infante e inocente, tivesse acesso a este conteúdo, já que se trata de um jogo erótico. E para garantir que não teria problemas, criei uma simples tela que solicita uma senha para acesso e só permite continuar caso o código correto seja inserido.
Aos desavisados: Yab Yum é o nome de um dos bordéis mais famosos de Amsterdã. No jogo, o
personagem deve saciar seus desejos carnais. Para tanto, é preciso obter
preservativos e depois partir para a fornicação com as moçoilas que surgem na
tela. Ainda, é necessário evitar as
investidas dos outros homens (os personagens azuis, que acabávamos chamando de
"policiais"). Para derrotá-los, o jogador pode se masturbar e ejacular neles. E se o
fizer quando um dos adversários estiver em pleno ato com alguma mulher, ganha
mais pontos. Um jogo casual e repetitivo, mas impagável.