quinta-feira, 8 de outubro de 2020

Os gibis furtados

De minha modesta coleção de HQs, três títulos se tornaram memoráveis por motivo peculiar: foram furtados.

Em meus tempos de infante, quando viajávamos para o interior para visitar meus tios, em algumas ocasiões e por motivos diversos (obras na casa de meu tio ou algo assim), ficávamos hospedados na fazenda de um conhecido da família. Meu pai levava uma barraca e nela dormíamos. Este conhecido tinha um filho adulto e duas filhas: uma adulta; a outra, mais nova, adolescente, um pouco mais velha do que eu. Justamente esta menina interagia mais comigo e meu irmão. Na maioria das vezes em que viajávamos para o interior, eu levava alguns brinquedos e gibis para passar o tempo, quando não estivesse a jogar futebol com meus primos.

Pois bem, em uma destas oportunidades, levei uns dez gibis para a viagem. A menina da fazenda se interessou em ler alguns deles. Desde pequeno eu já procurava ter algum cuidado com minhas posses. Emprestava, mas não saía de perto até que o item fosse devolvido. Não sei se a menina ficou ofendida ou algo do gênero. O que sei é que ela os pegou para ler e nunca se importou em devolver. Se ela esqueceu ou simplesmente surrupiou, nunca soube ao certo.

Não prestei a devida atenção e só fui me dar conta do ocorrido quando voltei para casa. Ao manusear os títulos, para guardá-los na pequena estante em meu quarto, dei falta de três itens.

O número 81 do Almanaque do Capitão América era estimado por mim. Tinha uma bela capa e a trama principal apresentava a origem da heroína Felina, que se une aos Vingadores para enfrentar o Esquadrão Supremo. Ainda, uma aventura de Indiana Jones. E o encontro de Homem-Aranha e Cristal.

Já a edição 9 de Superamigos tinha bela arte do Arqueiro Verde na capa, cuja aventura abria a publicação. Ainda estavam presentes tramas com os Novos Titãs, Lanterna Verde, Supergirl (ou Supermoça, como queira) e Esquadrão Atari.

Mas o destaque ficava por conta da estória "O Pingüim da Malásia", em que Batman e Robin enfrentam o Pingüim. A trama é parte da saga do Homem-Morcego escrita por Steve Englehart e desenhada por Marshall Rogers, que ficou conhecida como Strange Apparitions (Estranhas Aparições, em tradução livre), na qual o herói enfrenta Hugo Strange, Pingüim, Pistoleiro e o Coringa (este último na memorável trama dos peixes risonhos).

Este gibi também se notabiliza por oferecer como brinde uma cartela com duas tatuagens, do Batman e da Mulher-Maravilha. No verão de 1986, a editora Abril lançou diversas revistas com estas cartelas.

Comprei todas as edições que traziam os brindes. Ainda tenho alguns. Os demais felizmente e infelizmente foram usados. Felizmente, porque meu irmão e eu fizemos bom proveito das tatuagens. E infelizmente, pois hoje poderiam ser itens de coleção com algum valor.

E para mostrar que desgraça pouca é bobagem, o outro título surrupiado foi He-Man #1. O gibi de estréia do herói de Etérnia tinha arte que reproduzia os traços do desenho animado. A trama também adaptava uma das aventuras animadas. He-Man cai em uma armadilha do Esqueleto e é enviado a outro planeta, onde precisa auxiliar os nativos no combate ao tirano Lapac (na verdade, trata-se do vilão Plundor, não me pergunte por que o nome foi alterado no gibi).

Mais tarde comprei o primeiro número de He-Man and the Masters of the Universe, publicação especial que reapresentou as tramas das duas primeiras edições do gibi mensal. Mas a lástima de não ter mais a outra HQ permanece.


Em outras oportunidades em que viajei ao interior, não consegui mais ter contato com a menina e, assim, não tive qualquer chance de tentar reaver os gibis. Mas qualquer dia eu compro novamente estas edições. Ou não...