sexta-feira, 10 de julho de 2020

Mega Street Drive Fighter

Os clássicos títulos de luta da Capcom também encontraram lugar em minha coleção de jogos do Mega Drive.


No início dos anos 1990, um jogo de luta tomou o mundo em um só golpe (trocadilho besta mais do que intencional). Lançado pela Capcom em 1991, Street Fighter II: The World Warrior foi sucesso imediato nos fliperamas. No ano seguinte, o jogo recebeu uma competente versão para o Super NES. Foi um momento emblemático no mundo dos games e, em especial, para a rivalidade entre Sega e Nintendo, Mega Drive e Super NES.


O console da Sega ficara para trás. Enquanto donos do videogame da Nintendo se degladiavam em acirradas disputas com Ryu e sua turma, quem tinha uma Mega Drive ficou a ver navios. A demanda foi tamanha, que Sega e Capcom perceberam não ter alternativa, a não ser produzir uma versão do jogo. A esta altura, os fliperamas haviam recebido uma atualização, chamada Street Fighter II: Champion Edition, que melhorava alguns aspectos de jogabilidade e, principalmente, se destacava por permitir selecionar os "chefões" para os combates.


Durante o desenvolvimento da versão para Mega Drive, a Capcom afirmou que a paciência seria recompensada e justamente a Champion Edition seria disponibilizada no console da Sega. Portanto, quando a primeira imagem foi revelada, obviamente causou um "auê" descomunal entre os donos de um Mega Drive (e em toda a indústria dos videogames, na verdade).


A produção, entretanto, foi conturbada. As primeiras demonstrações do jogo ficaram aquém da qualidade esperada. Em 2020, duas destas versões preliminares foram preservadas e mostram precariedade em diversos aspectos. Ambas possuem a famigerada tarja preta na parte superior da tela. Curiosamente, nenhuma delas tem o nome do personagem Blanka erroneamente grafado como "Branka", conforme visto em vídeos e revistas daqueles tempos. Ou seja: ainda há outra versão a ser encontrada. Mas isto é assunto para outra hora.


A Capcom, que havia terceirizado o desenvolvimento, resolveu tomar o controle da situação e produzir por conta própria a versão para Mega Drive. E eis que, em 1993, o console da Sega foi brindado com Street Fighter II': Special Champion Edition (Street Fighter II' Plus: Champion Edition, no Japão). O título era uma mescla das versões Champion Edition e Hyper/Turbo dos fliperamas e, ao menos no quesito de jogabilidade, se mostrou superior às versões lançadas para Super NES. As revistas da época cobriram produção e lançamento com a intensidade esperada. Obviamente, comprei todas que pude.


Não restava dúvidas: o título precisava ser adquirido. E mesmo com um produto oficial da Tec Toy disponibilizado com toda pompa e circunstância, a edição que entrou para minha coleção, você já deve imaginar, foi piratex.


A capa reproduz a arte da edição lançada nos Estados Unidos, mas com as referências e créditos da Sega e da Capcom removidos. No verso, por exemplo, foram inseridas imagens de Blanka, Sagat e E. Honda onde estariam estas informações


A arte do cartucho é a mesma da capa. O nome do jogo é descrito na parte superior. No verso, avisos de cuidado no uso do produto.


O jogo presente no cartucho removeu os logotipos e créditos da Sega e da Capcom, na abertura e na tela-título.


E trata-se da versão ocidental, com censura na abertura, em que um lutador loiro golpeia outro lutador loiro (na versão japonesa, o lutador golpeado é afro-descendente). Os nomes dos quatro "chefões" também seguem a versão ocidental. E mesmo com meu Mega Drive japonês, todos os textos são mostrados em inglês.


No segundo semestre de 1993, a Capcom voltou a atacar nos fliperamas, desta vez com Super Street Fighter II: The New Challengers, nova versão de seu popular jogo de luta, com ainda mais melhorias gráficas, sonoras, de jogabilidade. E quatro novos personagens. Sucesso instantâneo. Tem como não lembrar da memorável abertura, com Ryu a disparar um potente hadouken na direção do espectador?


Era óbvio que o título seria lançado para os sistemas caseiros. Desta vez, porém, a Capcom não titubeou e prometeu lançamento simultâneo para Mega Drive e Super NES (com ambas as versões produzidas pela própria empresa). Como de praxe, as revistas da época noticiaram sobre o jogo. Em visita à tabacaria de um popular supermercado, encontrei a revista GamePro #60, com estonteante arte na capa. Comprei sem pestanejar. Percebi que se tratava de uma revista importada (mas vendida naquela loja com preço similar às publicações nacionais, vai entender), com todos os textos em inglês. Naqueles tempos já conseguia me virar no idioma bretão, embora ainda não fosse completamente fluente. Assim, até onde lembro, esta foi a primeira publicação estrangeira que adquiri em minha vida.


A revista mostrava as primeiras imagens das versões para Mega Drive e Super NES. Também comprei outras publicações nacionais. A febre aumentava. Agora só restava esperar o lançamento. E assim, em 1994, o jogo chegou ao Mega Drive, em um cartucho que utilizava surpreendentes 40 Mb de memória. Novamente, uma loja piratex foi visitada para aquisição da obra.


A capa é uma versão editada da edição japonesa, com referências a Sega e Capcom removidas, com o título do jogo em inglês no verso.


O cartucho tem uma arte com os quatro novos lutadores e a indicação dos 40 Mb. Há texto na parte superior. No verso, avisos para utilização do produto e o logotipo da T&T, que também aparece na lateral.


O jogo é idêntico à versão japonesa oficial. Embora ausentes nas artes da capa e do cartucho, os logotipos e créditos da Sega e da Capcom são mostrados normalmente. Os nomes dos lutadores também seguem a versão japonesa (Balrog é M. Bison, Vega é Balrog e M. Bison é Vega).


Ambos os títulos possuem limitações gráficas e sonoras evidentes em relação às suas contrapartes dos fliperamas. Mas isto nunca importou. Os icônicos personagens ganharam vida no meu Mega Drive, muitos combates foram disputados com meu irmão, parentes e amigos. Ao jogar sozinho, venci em todos os níveis (o que já não consigo fazer com a mesma facilidade, em tempos atuais). Os dois jogos, em suas versões piratex, permanecem entre os mais estimados da coleção.