Quem acompanha este blog
está cansado de saber: aqui quem manda é o MSX. Mas também já relatei um pouco
de minhas lembranças do gracioso TK-90X. Agora é a vez do TK-2000.
Quando infante, ganhei de meu pai
meu inigualável HotBit HB-8000. Só alegria. Um amigo de escola tinha um TK-90X.
O conhecimento sobre estes dois equipamentos me faziam ingenuamente pensar que
eu era um especialista em informática. Entretanto, no prédio em que minha família
morava, no andar abaixo do nosso, um vizinho possuía um TK-2000.
TK-2000? Que diabos é um TK-2000?
Aos desavisados (como eu era à época), o TK-2000 é uma versão nacional do Apple
II, lançada no Brasil pela Microdigital. HotBit e TK-2000. MSX e Apple II. Microsoft
e Apple. Entrei involuntariamente na "guerra entre Bill Gates e
Steve Jobs". Que seja. O que interessava é que o pai deste vizinho tinha o
equipamento (acompanhado de um leitor de disquetes) e, nas horas vagas, desfrutávamos de mais esta máquina nacional de
computação. E, obviamente, nossa atenção se voltava para os jogos.
No TK-2000 de meu vizinho
testemunhei Kung-Fu Master. Eu já havia jogado o original dos fliperamas
e possuía uma versão do MSX, mas confesso que me encantava com este jogo no
TK-2000, mesmo com sua precariedade gráfica e sonora, além da jogabilidade
deveras comprometida.
Um jogo da coleção de meu vizinho se tornou relevante para mim: Hard Hat Mack. Jogo de plataforma com elementos de quebra-cabeça, em que é preciso controlar um operário em uma construção, reunir peças e evitar obstáculos e inimigos.
Um jogo da coleção de meu vizinho se tornou relevante para mim: Hard Hat Mack. Jogo de plataforma com elementos de quebra-cabeça, em que é preciso controlar um operário em uma construção, reunir peças e evitar obstáculos e inimigos.
Outro que muito me apetecia era Sneakers,
uma espécie de clone do clássico Megamania do Atari 2600.
Meu vizinho gostava muito de jogar Arctic Fox, jogo de tiro em primeira pessoa, com elementos de simulação e gráficos vetoriais, no qual o jogador controla um veículo em diversos terrenos. A princípio, não gostava muito desta obra, mas aos poucos passei a apreciar seus méritos.
Meu vizinho gostava muito de jogar Arctic Fox, jogo de tiro em primeira pessoa, com elementos de simulação e gráficos vetoriais, no qual o jogador controla um veículo em diversos terrenos. A princípio, não gostava muito desta obra, mas aos poucos passei a apreciar seus méritos.
Fazia parte da coleção um jogo de luta-livre. Como fã incondicional de Mat Mania e entusiasta de luta-livre em geral, logo esta produção se tornou memorável, embora a jogabilidade fosse frustrante.
Um jogo de corrida também marcou época para mim. Speedway Classic. Na realidade, o que gravou este jogo em minha memória (além do fato de jogá-lo no TK-2000 do meu vizinho) foi a música de abertura, uma versão de The Washington Post March, que também é executada no início do filme "A Hora do Lobisomem" (ou "Bala de Prata", como queira), um de meus filmes de terror prediletos da época. Por alguma razão, eu achava que havia conexão entre jogo e filme, sem saber que a música, na verdade, é uma tradicional marcha dos Estados Unidos.
Além disso, meu amigo tinha um jogo do Homem-Aranha. Eu estava acostumado com o jogo do herói no Atari, muito jogava. Mas quando vi os gráficos dos personagens, quase similares aos gibis, foi o suficiente para cativar minha atenção, mesmo que o estilo de adventure em texto nunca tenha sido um de meus favoritos.
Outra boa lembrança daqueles
tempos: quando adquiri a edição 24 da revista MSX Micro, uma matéria chamou
minha atenção. Tratava de um equipamento do qual até então não tinha
conhecimento: um tal de "modem". O texto explicava como este
dispositivo era capaz de interligar dois computadores. Inclusive apresentava um
código para tal feito.
À época, como desenvolvedor mirim e afoito que era, não li o texto com total atenção, principalmente a parte que informava sobre a necessidade de uma linha telefônica para conexão. Assim, pensei que bastava digitar o mesmo código em duas máquinas diferentes e, milagrosamente, elas passariam "a se falar". Pensávamos que o "modem" era justamente o código apresentado na revista. Meu vizinho e eu partimos para a missão. Digitei o código em meu MSX. Em seguida, lhe passei a revista e ele digitou as linhas no seu TK-2000. Executamos os programas em nossas máquinas e... nada.
À época, como desenvolvedor mirim e afoito que era, não li o texto com total atenção, principalmente a parte que informava sobre a necessidade de uma linha telefônica para conexão. Assim, pensei que bastava digitar o mesmo código em duas máquinas diferentes e, milagrosamente, elas passariam "a se falar". Pensávamos que o "modem" era justamente o código apresentado na revista. Meu vizinho e eu partimos para a missão. Digitei o código em meu MSX. Em seguida, lhe passei a revista e ele digitou as linhas no seu TK-2000. Executamos os programas em nossas máquinas e... nada.
Obviamente, nada aconteceria. Mas
ficamos alguns bons minutos a digitar textos em nossos computadores para, logo
em seguida, ir até o corredor do prédio, eu na parte superior da escada, ele na
porta de seu apartamento, com diálogos do tipo:
- "Apareceu alguma coisa
aí"?
- "Aqui não".
- "Digita algo aí
então".
- "Apareceu"?
- "Não".
- "E agora"?
- "Ainda não".
Simplesmente impagável.
- "Não".
- "E agora"?
- "Ainda não".
Simplesmente impagável.
Outros jogos e programas me foram apresentados no TK-2000, mas não se tornaram tão memoráveis quantos estes que apresentei neste texto. Foram mesmo bons tempos, que de vez em quando
revivo através da emulação, sempre que o Saudosismo Maldito fala mais alto.