terça-feira, 31 de março de 2020

Rollerball

Um clássico do MSX que muito joguei. E um sonho de consumo que finalmente entrou para minha coleção.



Nos tempos áureos do MSX, muito me esbaldei com jogos e aplicativos para o microcomputador. Era o ápice para o entusiasta mirim de computação. Logo que ganhei meu garboso HotBit HB-8000, fui presenteado com alguns cartuchos e fitas cassete que, em sua maioria, continham jogos. Eu estava feliz e contente com meus cartuchos da Sharp-Epcom, com suas belas artes nas caixas e etiquetas, bem como seus singelos manuais de instruções.


Mal sabia eu que estava prestes a vislumbrar um item que se tornaria um verdadeiro sonho de consumo. Tratava-se de Rollerball, jogo de pinball lançado pela HAL Laboratory em 1984. A obra se diferenciava dos demais jogos neste estilo por seus gráficos competentes e os três "andares" da mesa de jogo.


Um vizinho que veraneava ao lado de minha casa em Cidra Beach também possuía um MSX. Ele era mais velho que eu e, assim, não éramos muito "chegados". Uma vez ou outra conversávamos mais a fundo sobre gibis e filmes, não muito mais do que isso. Mas a situação começou a mudar quando ele descobriu que eu também era um feliz detentor de um MSX. Passou a me perguntar quais jogos eu tinha, o que mais eu sabia fazer, se sabia programar algo. Ele me disse que tinha alguns jogos e aplicativos. E, certa tarde, resolveu me mostrar sua coleção. Acompanhado de meu irmão e dois amigos, testemunhei o momento em que ele abriu uma pequena caixa e dela tirou seus cartuchos e fitas cassete. E uma ilustração me saltou ao olhos de imediato.

 
A imagem de um rapaz aflito ao jogar uma máquina de pinball (o popular "fliper") ficou para sempre gravada em minha memória. Por alguma razão que não lembro, não pudemos jogar naquele dia. Só vimos os cartuchos e fitas. E o vizinho não quis me emprestar quaisquer de seus itens. Tempos depois, vi o mesmo cartucho à venda em lojas de produtos eletrônicos. Mas, por qualquer razão, nunca adquiri tal item. Era um produto fabricado pela Gradiente. Diferente dos cartuchos da Sharp-Epcom, que vinham acondicionados em uma caixinha de papelão do tamanho do cartucho, acompanhados de manuais também do mesmo tamanho, os produtos da Gradiente eram oferecidos em estojos de plástico maiores (um pouco maiores que estojos de jogos do Mega Drive, a exemplo de comparação), com folhetos de instruções em papel de qualidade superior (mas sem imagens, apenas texto, ao contrário dos manuais da Sharp-Epcom).


A vontade de jogar Rollerball só aumentava. Até o dia em que ganhei de um amigo, como presente de aniversário, uma fita piratex com diversos jogos gravados para o MSX. E, surpresa: um deles era justamente o desejado jogo de pinball. Por ser uma fita piratex, obviamente, não continha caixa ou manual. Mas, enfim, o que interessava era poder jogar. E muito joguei. Curiosamente, a fita piratex também era da Gradiente.
 
A fita piratex, com seu conteúdo devidamente preservado.
Como afirmei no início do texto, a obra se destacava por seus gráficos competentes e sua mesa de três "andares", algo que não se via nos demais jogos deste estilo, no MSX ou qualquer outro sistema. Até então, na minha modesta opinião, o melhor jogo de pinball que já havia visto era Pinball Action, nos fliperamas. E querer comparar este jogo com outros de sistemas caseiros da época era covardia.


A jogabilidade de Rollerball é repetitiva. Mas o mesmo pode ser dito para a maioria dos jogos de pinball. Ainda assim, a movimentação era fluída o suficiente para manter o interesse do jogador. Já em termos sonoros, a produção também mostra competência, apesar de ter poucas músicas: uma trilha quando a bola está no último "andar" (para criar suspense), outra na contagem de pontos e mais uma ao final do jogo.

Eis um breve vídeo:



E eis que, cerca de trinta anos depois, finalmente adquiri a edição com a qual sempre sonhei. Completa, com o cartucho funcionando, sua embalagem bem conservada e com o folheto de instruções em perfeito estado.


Já poderia me considerar realizado. Como diz o poeta: a felicidade está nas pequenas coisas. Entretanto, para o colecionador compulsório, sempre há outro item a ser conquistado. O que eu deveria perseguir agora? Quem sabe outro jogo mostrado por aquele meu vizinho, cuja imagem de capa também me interessou. A edição do jogo dos Caça-Fantasmas em fita cassete da Gradiente, talvez?


Quem sabe um dia...