segunda-feira, 16 de março de 2020

Jovem Indy e o Último Protótipo da Perdição

Quando escrevi sobre meu cartucho piratex de Captain America and the Avengers para o Mega Drive, fiz menção a um jogo do Jovem Indiana Jones para o console da Sega. Na ocasião, citei brevemente minha experiência com esta obra. Pois bem, é hora de expandir meus comentários.



Década de 1990. A febre dos videogames em alta. A rivalidade entre Sega e Nintendo a todo vapor. Jogos e mais jogos para os diversos consoles caseiros. Tantos e tantos personagens davam as caras na jogatina eletrônica. Indiana Jones foi um deles. O arqueólogo teve suas aventuras adaptadas para jogos eletrônicos desde seu primeiro filme, com Raiders of the Last Ark para o Atari 2600. A partir de então, Indy apareceu em várias produções, cujas qualidades variavam, mas sempre a despertar o interesse do público.

 
Também nos anos 1990 tivemos uma série televisiva que narra as aventuras de Indy nos seus tempos de infante e adolescente, The Young Indiana Jones Chronicles ("O Jovem Indiana Jones", no Brasil). Com episódios muito bem produzidos e tramas interessantes, a produção ofereceu novas facetas do personagem e logo se tornou um clássico.

 
Com o sucesso da série, era questão de tempo até que o Jovem Indy surgisse em forma de pixels, em um ou mais dispositivos de diversão eletrônica. E é isto que me remete ao presente texto. Era uma sexta-feira como tantas outras daquela época. Dia de se dirigir a uma locadora e escolher filmes ou jogos para promover o entretenimento do fim-de-semana. Naquele dia, era a vez dos jogos. A fórmula era sempre a mesma: locar três itens. Pois bem, fui escolher os cartuchos e, com alguma surpresa, vi que ali estava o jogo do Jovem Indy, do qual pouco ouvira falar até então. 


Jogo locado. Era hora de conhecer a obra. A tela de abertura confirmava se tratar de um jogo do jovem Indy. O jogo se iniciou e, de pronto, senti uma certa estranheza para controlar o personagem. Os controles não pareciam tão responsivos. Mas persisti. Percebi uma mecânica interessante ao usar a arma usual de Indy: o chicote. Era possível controlar o chicote com liberdade em várias direções (algo similar ao visto em Super Castlevania IV no Super NES).

Os gráficos eram simples, nada demais. A música tentava impôr um ritmo típico, embora fosse repetitiva. O primeiro estágio só tinha um tipo de inimigo, um sujeito vestido de azul, que lançava facas contra Indy. Assim que ele era derrotado, outro similar surgia no caminho do herói. De resto, não havia muito mais a fazer, exceto explorar o cenário. Mas enfim, era apenas o início do jogo, provavelmente este cenário seria justamente para o jogador se acostumar com os controles antes de, enfim, enfrentar os reais desafios.


Pois bem, após muito caminhar pelo cenário, explorar o alto das habitações e percorrer os caminhos possíveis, finalmente cheguei a uma construção diferente das demais. O final daquele cenário. Agora o jogo vai começar. Entrei por aquela porta e o estranhamento só aumentou. A música mudou, o cenário agora apresentava o interior daquela construção. E Indy agora vestia chapéu, jaqueta e sapatos rosas!

Última moda em Paris?
Comecei a explorar aquele ambiente e logo percebi a ausência de inimigos. Apenas um elefante perambulava de um lado para outro. No meio do cenário, uma estátua gigantesca. Certamente ela deveria ser investigada.


Muito investiguei e... nada! Tentei acertar alguns itens no cenário para ver se algo acontecia e... nada! Andei na garupa do elefante de um lado para outro e... nada! Tentei sair daquele lugar e... nada! Reiniciei o jogo, tentei encontrar rotas alternativas e... nada!

Mas que diabos estava acontecendo? Por que eu não conseguia avançar no jogo, sendo que nada surgia na tela para permitir tal avanço? O que eu estava deixando de fazer? O que eu não estava vendo? Qual o segredo para seguir adiante? O fim-de-semana passou, joguei os outros jogos que havia locado. Tentei mais uma ou duas vezes voltar ao jovem Indy. O resultado foi o mesmo. Decepção. Só fui descobrir a verdade quando li a revista VideoGame #22. Ali estava escrito: o jogo na verdade era um protótipo e, como tal, inacabado, só permitindo mesmo perambular pelos dois cenários.

 
Eis um vídeo com a obra "completa".


A decepção só não foi maior que a curiosidade. Como era possível que um protótipo de um jogo tivesse chegado em minhas mãos? O jogo completo, em sua versão final, foi lançado algum tempo depois, renomeado para Instruments of Chaos Starring Young Indiana Jones, com diversas melhorias gráficas e sonoras. Mas, ainda assim, com jogabilidade pouco convidativa. E de toda maneira, nunca joguei a versão final nos tempos áureos, somente nos idos da emulação. Para saber diferenciar o protótipo da versão final não há mistério. No protótipo, o personagem usa uma jaqueta. Na versão final, um colete. E, obviamente, na versão final o jogo prossegue além do primeiro estágio.


Enfim, está apresentada mais esta "pérola do Mega Drive". Agora vai me restar comentar sobre outro jogo nunca lançado para o console da Sega, mas com o qual tive contato nos tempos das locadoras, sabe-se lá como.

 
Aguarde e confie.
 
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Atualizado em 3 de março de 2022: adquiri o cartucho.