quarta-feira, 11 de março de 2020

As belas tardes do TK-90X

Sempre que penso em anos 1980 e microcomputadores, o MSX é o primeiro item que surge nas lembranças. O HotBit HB-8000 foi meu equipamento naquela época. Mas não foi o único com o qual tive contato, já que o TK-90X também se fez presente.



Para os pouco chegados, TK-90X nada mais é do que uma versão nacional do ZX Spectrum, lançada pela Microdigital, com algumas poucas diferenças para o original. O Spectrum, por sua vez, foi um microcomputador de 8 bits produzido pela Sinclair, que alcançou grande sucesso e popularidade no Reino Unido e em diversos países, como o Brasil.

 
Compacto, mas, ainda assim, capaz de belos feitos, o Spectrum realmente era admirável. Conheci a maquininha através de um amigo dos tempos de escola, fascinado por tecnologia, assim como este que vos escreve.

Em uma bela tarde o visitei em sua casa. Ele havia me convidado para ir até lá, pois queria me mostrar seu computador, recém adquirido. Assim que ele abriu a caixa, vi algo que mais parecia um brinquedo, pequeno, retangular, com botões emborrachados.


Meu amigo ligou o equipamento ao aparelho televisor. Em seguida, conectou um reprodutor de fita cassete ao computador. Ligou a máquina e testemunhei uma tela cinzenta, com alguns dizeres.

  
Ele então inseriu uma fita no reprodutor, digitou alguns comandos e, após poucos minutos de barulhos peculiares, surgiu uma tela memorável.

 
Foi assim que conheci Sabre Wulf, um dos mais emblemáticos jogos do Spectrum. É preciso controlar o simpático explorador em uma selva labiríntica repleta de ameaças. Desafio elevado e viciante.


Na seqüência, meu amigo, de forma casual e descompromissada, como se fosse algo trivial (ainda mais para este escriba) disse que tinha uma versão de Double Dragon para ser jogada em seu TK-90X. Foi encanto à primeira vista. Mesmo com as óbvias limitações gráficas e sonoras, a obra mantinha boa jogabilidade e proporcionava bom divertimento. Muito, mas muito jogamos, em diversas ocasiões.


Ele também me mostrou Manic Miner, clássico absoluto em todo sistema por onde passou. Mais um jogo desafiante, que marcou época.


Outro que se tornou memorável para mim foi The Rocky Horror Show, baseado no musical de Richard O'Brien, que depois gerou o antológico filme The Rocky Horror Picture Show. A trilha sonora do jogo, seus elementos de adventure e alguns momentos bem-humorados (como quando o personagem principal perde suas roupas, por exemplo) fizeram deste um de meus prediletos do Spectrum.


Meu amigo ainda tinha outros jogos, mas estes quatro sempre se sobressaíram em minha preferência (e, hoje, em minhas lembranças). Através de revistas de informática da época, descobrimos que existia um jogo do Cobra (sim, Marion Cobretti, popular personagem de Sylvester Stallone). Infelizmente, meu amigo nunca conseguiu adquirir tal obra. Só fui jogá-la nos tempos da emulação. Apesar da tela inicial bacana, o jogo pouco tem a ver com o filme. Um típico jogo de ação, mas com boas qualidades técnicas.


Algum tempo depois, meu amigo também adquiriu um MSX e voltamos nossa atenção quase que exclusivamente para este microcomputador. O tempo passou, nossos caminhos se distanciaram, voltamos a nos encontrar na vida adulta. Mas infelizmente, pouco tempo depois, ele veio a falecer. De tempos em tempos, relembro com saudade deste bom amigo. E daquelas belas tardes de jogar Sabre Wulf ou Double Dragon naquele charmoso micrinho.