sábado, 6 de junho de 2020

Mystic Defender

Já relatei aqui no blog sobre o primeiro jogo de Mega Drive que adquiri e joguei, no dia em que o glorioso console da Sega adentrou meu lar. No texto, deixei claro que o primeiro título era piratex. Agora dissertarei sobre o primeiro jogo oficial da Tec Toy que entrou para minha coleção.



Após muito jogarmos DecapAttack, meu irmão e eu passamos a locar jogos para o Mega Drive. Muitos clássicos passaram por nossas mãos naqueles dias. Além disso, outros títulos entraram para nossa coleção (e pretendo tratar de cada um deles aqui no blog, aguarde e confie). O segundo jogo? Nada mais, nada menos que o sensacional QuackShot starring Donald Duck. Continuamos a locar jogos, compramos mais um ou dois. Os jogos que havíamos adquirido até então eram todos de plataforma (exceto por Double Dragon II - The Revenge). E todos piratex. Isto mudou no dia em que a madrinha de meu irmão o presenteou em seu aniversário com um cartucho oficial da Tec Toy.

 

Mercs é um jogo de tiro (shoot 'em up, para os cultos, embora também seja considerado do estilo run and gun) com visão aérea, produzido para os fliperamas pela Capcom, em 1990, cuja versão para Mega Drive foi lançada no ano seguinte. Fiquei entusiasmado, pois gostava muito de jogos como Ikari Warriors e Commando (Mercs é continuação de Commando, a constar) e a possibilidade de ter uma obra deste estilo na coleção muito me agradava. Meu irmão, entretanto, após jogar algumas vezes, não se interessou pelo que experimentou. Como o presente era dele, decidiu trocar o jogo. No primeiro dia útil, voltou à loja e conseguiu trocar por outra produção, igualmente original da Tec Toy.


Mystic Defender (chamado na capa do produto brasileiro de Mystic Defense) é uma produção da Sega, de 1989.  Mais um jogo de plataforma.


A história é bastante peculiar. Trata-se de uma obra baseada no mangá Kujakuou ou Kujaku-Oh (cujo título em inglês é Spirit Warrior). Um jogo da franquia foi lançado para o Master System, sob o título Spellcaster. A continuação foi lançada para o Mega Drive, no Japão, com o título Kujakuou 2: Gen'eijou). Entretanto, para lançamento no Ocidente, diversas modificações foram efetuadas, nos gráficos e na trama do jogo, que então passou a se chamar Mystic Defender, com as referências mais diretas ao mangá removidas.


O personagem principal, no mangá conhecido como Kujaku e vestindo um traje cerimonial branco e azul, passou a se chamar Joe Yamato, com uma roupa mais discreta e totalmente azul. A magia mais forte do personagem também teve gráficos alterados: na versão japonesa, surge um anjo com seis braços. Na versão ocidental, um dragão com três cabeças. Provavelmente isto foi feito para remover conotações religiosas presentes no mangá. Além disso, cenas de introdução e de enceramento também foram modificadas.


Talvez a modificação mais polêmica tenha sido a censura ao final do jogo na versão japonesa, quando Ashura (Alexandra, na versão ocidental) aparece nua no último estágio do jogo. Pouco tempo depois, uma revisão foi lançada, com a personagem devidamente coberta.


E nem vou esmiuçar a versão lançada na Coréia do Sul. Para uma completa lista de diferenças entre todas as versões, recomendo a leitura deste artigo da Hardcore Gaming 101, bem como esta página de The Cutting Room Floor.

Pois bem, o cartucho que meu irmão trouxe para casa era um autêntico produto da Tec Toy, produzido no Brasil. Mas nosso Mega Drive era japonês. O jogo funcionou, mas a versão que surgiu na tela foi a japonesa. Exceto pelas alterações na trama e questões estéticas, em nada muda a jogabilidade. No fim das contas, é mais um bom jogo de plataforma, com bons gráficos e trilha sonora apropriada, que estabelece o "clima" da produção. São oito estágios com bom desafio. Certos cenários podem ser frustrantes em um primeiro momento, mas com algum treino e bastante paciência é possível vencê-los.

O jogador dispara projéteis de energia contra os inimigos, além de outras mágicas que são obtidas ao avançar pelos estágios. Há um medidor de energia que decresce quando o protagonista é atingido. Esgotada a energia, perde-se uma vida. Se todas as vidas se esvaírem, ainda é possível continuar, mas apenas duas vezes. Quase todos os estágios apresentam um "chefão" a ser enfrentado no final, mas dois cenários são apenas labirintos dos quais o jogador deve escapar.

Provavelmente o primeiro vislumbre que tive deste jogo foi na revista VideoGame #8.


A edição #2 da revista CineVideo Games trouxe detalhes do jogo. Já a edição #11 listou Mystic Defender entre os "legais pra jogar" daquele ano.

 

Tempos depois, a revista VideoGame #11 mostrou o jogo completo. Nesta época eu já havia terminado a aventura.


Segue vídeo com o jogo completo, na versão japonesa, tal qual acontece no meu Mega Drive. Causou-me inicialmente frustração não conseguir vencer a aventura nas primeiras tentativas. E como o vídeo mostra, só terminei em um nível fácil, após usar continues. Cometi erros grotescos. Mas consegui dominar a maior parte do jogo novamente. A constar, o cartucho da Tec Toy contém a REV 01, ou seja, nada de Ashura nua.


E este foi o primeiro jogo oficial da Tec Toy para o Mega Drive de minha coleção. Não foi Altered Beast. Não foi Sonic the Hedgehog. Poderia ter sido Mercs. Mas no fim, foi uma boa aventura que rendeu bons momentos de jogatina virtual.