Faltava ele: o defensor intergaláctico da Nebula 71, o ciborgue invencível. O primeiro e único: Spectreman!
Spectreman é uma série televisiva japonesa produzida entre 1971 e 1972, que fez grande sucesso no Brasil, quando exibida pela Record e, depois, pelo SBT, na década de 1980. Junto com National Kid, Ultraman, Robô Gigante, Vingadores do Espaço, Fantomas, Speed Racer, Don Drácula, entre outros, foi uma das responsáveis por abrir as portas da cultura pop japonesa no país tropical, preparando o terreno para uma invasão ainda maior de tokusatsu e animé na década seguinte, com Jaspion, Changeman, Flashman, Jiraiya, Jiban, Cavaleiros do Zodíaco e muito mais desde então.
Foi a partir
das exibições no programa do Bozo, no SBT, que aprendi a apreciar as aventuras
de Spectreman. A trama tentava chamar a atenção da audiência para a questão
ambiental. Afinal de contas, o maligno Dr. Gori tentava conquistar a Terra com
monstros gerados a partir da poluição causada por nós, seres humanos sem
consciência ecológica. Ou seja, nossas más ações seriam nossa destruição.
Analogia que continua pertinente, mesmo passados cinqüenta anos desde a estréia
da série.
A mensagem não passava desapercebida, mas sejamos francos, para os garotinhos juvenis da época, o que importava era ver o herói espalhando sopapos nos diversos monstros que surgiam em seu caminho. Para mim, os confrontos entre Spectreman e Karas (o fiel lacaio do Dr. Gori) sempre se destacaram (em especial aquele visto no episódio "O Exílio de Spectreman", cujas cenas figuravam na abertura brasileira do seriado).
Para aproveitar o embalo da produção televisiva, a editora Bloch passou a publicar uma revista com aventuras inéditas do personagem. Eu ficava animado sempre que via anúncios de Spectreman em outros títulos da editora (geralmente nos gibis dos Trapalhões ou do Drácula, que eu também acompanhava).
Entretanto, a publicação tomava
diversas liberdades em relação ao que era exibido na televisão. O uniforme do
herói, originalmente marrom e dourado, passou a ser azul e cinza. O Dr. Gori
perdeu o cabelo amarelo e sua roupa também teve as cores modificadas. Os nomes
de alguns personagens foram alterados: Kenji virou Kenzo, Karas era chamado de
Hidrax, Ota foi renomeado como Otto, Minnie mudou para Mioko. Coisas da Bloch.
A explicação para tudo isso: a editora não tinha as devidas licenças e,
portanto, passou a promover alterações para evitar maiores problemas.
Assim, chegamos ao alvo deste texto: meu primeiro gibi do Spectreman, a edição número 2. Publicada em 1983, a revista oferece cinco aventuras, todas com arte de Eduardo Vetillo, textos de Carlos Araújo e letras de Vanderley Feliciano.
Em "A Grande Batalha", o ciborgue precisa enfrentar uma ameaça espacial, na forma de um enorme dragão.
"A Volta do Dr. Gori" apresenta o retorno do gênio do mal, acompanhado de seu lacaio Karas (ou "Hidrax", como queira), além de um robô impertinente. O vilão cria um falso Spectreman e cabe ao herói acabar com esta trama.
Já em "O Monstro da Baía de Tóquio", Spectreman precisa enfrentar um gigantesco monstro pré-histórico.
A quarta aventura é "Os Homens Lava", em que criaturas feitas de lava vulcânica ameaçam a cidade. E você sabe quem é o único que poderá intervir.
Para encerrar, "As Formigas Gigantes". O guerreiro das estrelas enfrenta insetos gigantescos que ameaçam destruir a cidade.
Se a memória ainda me serve, ganhei este gibi de minha mãe, ao visitarmos uma banca de revistas próxima ao edifício onde morávamos. Pouco tempo depois, ganhei a edição número 4. Esta me traz uma recordação curiosa (e até dolorosa): certa feita, meu pai acabou rasgando a revista. Nem precisaria comentar que aquilo me deixou mais do que chateado. Após ver a tristeza que me acometeu, ele comprou uma nova edição (que mantenho até hoje e me faz relembrar do ocorrido, sempre que a vejo).
Infelizmente, minha pequena coleção de gibis do Spectreman se encontra longe do ideal. Possuo apenas quatro edições. Somente uma está em perfeito estado. As demais estão sem as capas (duas delas sem as primeiras páginas). Meu primeiro gibi, alvo deste texto, tem uma página rasgada. E mesmo assim, são itens que guardo com grande carinho e estima.
Em tempos recentes, comprei "Spectreman: Edição Extra", um lançamento independente, disponibilizado em 2022, que republicou aventuras vistas nas revistas da Bloch, aqui com apresentação mais requintada.
Quem sabe um dia eu consiga adquirir outras edições. Se não, estes itens são suficientes para manter acesos meu Saudosismo Maldito e minha predileção por Spectreman.
ÀS ORDENS!