quinta-feira, 3 de setembro de 2020

Fininho

Relembrar é viver. E eu vivo relembrando. Considero-me uma pessoa de sorte, por ter boa memória e diversos tipos de registros de todas as épocas de minha vida. Tantas pessoas não podem dizer o mesmo, pois não tiveram o cuidado ou a oportunidade de preservar suas memórias, especialmente da infância, do início da existência. Por exemplo: você se lembra de seu primeiro brinquedo?


Ao vasculhar gavetas com objetos de minha mãe, encontrei um álbum de fotos por ela compilado, a retratar meu primeiro ano de vida. Lá estão meu pai e minha mãe, minha avó, meus tios, primas, todos comigo em seus colos, sorridentes. Há o registro do dia em que dei meus primeiros passos. Fotos de minhas primeiras incursões ao litoral, minha primeira visita ao Uruguai, meu primeiro aniversário. Tudo muito emocionante, ainda mais para um saudosista maldito como eu.

Outra peculiaridade foi perceber, em fotos que mostram meu terceiro mês de vida, a presença de um brinquedo que me acompanharia por muito tempo. Um urso amarelo feito de borracha ou vinil, daqueles que, ao serem apertados e depois soltos, fazem barulhos quando o ar volta a preenchê-los (hoje comumente chamados de squeak toys). Não sei por que causa, motivo, razão ou circunstância, mas, assim que aprendi a falar, este querido personagem recebeu um nome: Fininho.

Em minhas lembranças mais remotas estão viagens de ônibus que fiz com minha mãe ao interior, para visitar meus tios. E junto estava Fininho. Antes dos carrinhos, dos bonekrinhos e tudo mais, este foi meu companheiro inseparável, que só perdia minha atenção quando um bichinho de verdade surgia em minha frente.

As imagens são antigas e estão com baixa qualidade, mesmo após minhas melhores tentativas de restauração. Editei as fotos para mostrar apenas o ursinho, a fim de preservar minha imagem quando bebê (até porque, em algumas delas, este singelo escriba estava como veio ao mundo). Sem mais delongas, eis o Fininho:


As fotos a seguir mostram Fininho ao lado de minha cama ou berço, sempre vigilante, a me cuidar.


Mais uma foto trouxe recordações de outro adorável bichinho de brinquedo, que muito fez parte de meus primeiros anos de vida. Uma raposinha (ou seria um gato vermelho?). Se algum dia dei um nome a este brinquedo, me escapou da memória há tempos.


Já percorri todos os recantos das interwebz atrás de informações sobre estes personagens, mas nada encontrei.

Infelizmente, não tenho mais estes dois brinquedos. O Fininho esteve entre meus pertences por muito tempo, mesmo quando eu já estava na adolescência. Sempre procurei guardar o máximo de itens que tive quando criança. Já o procurei em todos os lugares possíveis, sem sucesso. A triste verdade é que não sei que fim ele teve, se foi doado para algum parente ou simplesmente jogado fora. Tudo que tenho são estas poucas fotos. E minhas mais tenras lembranças.
 
----------
 
ATUALIZAÇÃO (02/02/2023):
 
Encontrei imagens do ursinho em uma página de leilões via internet. Entretanto, não obtive maiores informações sobre o item.

De qualquer forma, estas duas imagens trouxeram o mais puro saudosismo à tona.

ATUALIZAÇÃO (28/02/2023):

Não me contive e adquiri o ursinho (e o chamo de "ursinho", porque, afinal de contas, não é o meu "Fininho" original).


Não há informação sobre fabricante ou data de fabricação no corpo do ursinho. A impressão que eu tinha era de que o boneco era maior (mede cerca de 17cm). Provavelmente a memória afetiva de olhos mirins criou esta confusão (ou será que existia uma versão maior mesmo?). Enfim, ter novamente em mãos este brinquedo foi uma sensação singular.