segunda-feira, 16 de maio de 2022

Mega Gaiden

Um popular ninja, em um jogo de Mega Drive não lançado, mas que de alguma forma chegou às minhas mãos nos tempos áureos. 

  
 

Quando discorri sobre o protótipo do jogo do Jovem Indiana Jones para Mega Drive, fiz referência a outro título inacabado com o qual tive contato, nos idos tempos. Uma obra protagonizada por Ryu Hayabusa, um ninja que arrebatou corações, mentes, joysticks e uma legião de fãs com uma trilogia de jogos para o NES. (embora a série tenha começado com um jogo para fliperamas). 

Do final dos anos 1980 a meados da década de 1990, Ninja Gaiden recebeu produções para diversos consoles, com maior ou menor repercussão. O glorioso Mega Drive não poderia ficar de fora. E, assim, em 1992, a mídia especializada passou a divulgar informações e imagens do jogo para o console de 16 bits da Sega. Diferente da trilogia clássica do NES, que consistia de jogos de ação em plataformas, a versão para Mega apostava no estilo beat 'em up (o popular "briga de rua"), mais próximo do original dos fliperamas. Entretanto, por qualquer razão, a produção não foi adiante, ficou apenas no protótipo. O título nunca foi lançado oficialmente.

Provavelmente, meu primeiro contato com a obra se deu nas páginas da revista SuperGame #22. A publicação não fazia qualquer menção ao estado do jogo, ao contrário, o noticiava como se tivesse sido lançado no Japão. 

Sem saber dos detalhes sobre o desenvolvimento, certa feita encontrei o cartucho em uma das locadoras que eu freqüentava. E assim o escolhi, junto com outros dois títulos, para proporcionar a jogatina daquele fim-de-semana.

Apesar dos gráficos corretos e da trilha sonora com algumas boas composições, o jogo peca no quesito mais importante: justamente por estar inacabado, a jogabilidade é comprometida. A movimentação do personagem é estranha: ao tentar andar em linha reta, ele sempre acaba se deslocando para a parte inferior da tela. Assim, praticamente a todo momento é preciso apertar o botão direcional para cima, a fim de levar o personagem para o centro. No mínimo, inconveniente. Há uma boa variedade de inimigos, mas estes não oferecem grande desafio e, em pouco tempo, o jogo se torna repetitivo. Mesmos os "chefões" não representam grande ameaça.

Como é de praxe nos jogos da franquia, há cutscenes entre os estágios, que desenvolvem a trama. Algumas delas, entretanto, não são mostradas do início ao fim. Em outras, há problemas nos textos, desde erros de digitação ao mais puro "engrish". Isto tudo mostra o quanto o jogo ainda precisava ser refinado para um lançamento. 


Além disso, há diversos cenários em que o personagem ou os inimigos podem ficar trancados, por diversas circunstâncias (se matar um inimigo no momento errado ou se pular em uma parte do cenário com a tela em movimento, por exemplo). Ainda assim, é possível seguir adiante, com combinações de comandos, tanto para reiniciar um nível quanto para avançar ao seguinte.

Não lembro ao certo se cheguei a finalizar o jogo, quando o aluguei. Mas lembro de empacar no cenário das cachoeiras e, mais adiante, no nível que se passa em um telhado (em que todos os personagens escorregam para baixo constantemente). O jogo travava nestas ocasiões por quaisquer motivos e era preciso reiniciar.

Eis que viajamos ao século XXI e, nestes tempos recentes e modernos, encontrei um cartucho da época à venda, por preço módico. Não me fiz de rogado e o adquiri. O item não tem etiqueta com imagens do jogo. No lugar, uma etiqueta (provavelmente de locadora), com um código de cadastro, o título da obra e o sistema ao qual se destina. No verso, logotipo da Sega e informações de cuidados para utilização. 

Segue um vídeo com gameplay completo (incluindo alguns dos defeitos mencionados neste texto):

E mais uma pérola agora faz parte de minha coleção. Mais uma produção inacabada. Outra que sempre aguçou minha curiosidade. Como estes jogos inacabados eram disponibilizados em locadoras nos tempos áureos?