Um clássico dos fliperamas. Um
clássico microcomputador. Uma clássica desenvolvedora. E uma clássica bomba em
forma de jogo.
Todo mundo sabe (até minha vó
sabe) e, principalmente, quem é fã ou entusiasta do garboso MSX sabe que a
empresa japonesa Konami foi uma das desenvolvedoras que melhor
aproveitou todas as capacidades do microcomputador, sempre a oferecer jogos e
aplicativos memoráveis.
A lista de clássicos é primorosa,
com títulos como Antarctic Adventure, Athletic Land, Circus
Charlie, F-1 Spirit, The Goonies, Hyper Rally, King's
Valley, Knightmare, Magical Tree, Nemesis, Road
Fighter, Sky Jaguar, os dois jogos da série Yie Ar Kung-Fu,
além dos jogos de esportes (Konami's Boxing, Konami's Ping Pong,
Konami's Soccer, Konami's Tennis, a série Hyper Sports) e
tantos outros. E continua no MSX2, com Contra, King Kong 2, Metal
Gear, Snatcher, Space Manbow e Vampire Killer, só para
citar alguns.
Mas toda família tem sua ovelha
negra.
No caso da Konami, uma ovelha verde: Green Beret.
No caso da Konami, uma ovelha verde: Green Beret.
A obra original foi lançada nos
fliperamas em 1985. Trata-se de um jogo no estilo run and gun, no qual o
jogador assume o papel de um habilidoso soldado, que deve enfrentar hordas de
inimigos para resgatar prisioneiros de guerra, ao longo de quatro estágios. Com
bons gráficos e sons, a produção tornou-se um clássico inegável, com sua
jogabilidade desafiadora. Tanto que o jogo era presença certa nos Fliperamas deCidra Beach.
Com o sucesso nos fliperamas, o
Boina Verde logo recebeu conversões de seu jogo para os mais diversos sistemas
caseiros, fossem videogames ou computadores. O MSX não poderia ficar de
fora. E foi aí que a cobra fumou.
Ao contrário do usual, a Konami
não produziu a conversão por conta própria. Nesta empreitada, decidiu
"terceirizar" o desenvolvimento, que ficou a cargo da filial
britânica Konami Limited. Como os desenvolvedores japoneses não tinham
muito conhecimento sobre os computadores fabricados na Europa, a idéia era
deixar a cargo da empresa do Reino Unido a conversão de jogos para diversos
sistemas europeus, a fim de facilitar os trabalhos e evitar gastos
desnecessários.
As próximas palavras são
especulações minhas: por sua vez, a equipe do Reino Unido, mais acostumada a
trabalhar com o ZX Spectrum e com o Amstrad CPC, não teria bons
conhecimentos sobre o MSX (nem tempo hábil para obtê-los), o que resultou em um
jogo da Konami que mais parece uma das tantas conversões de jogos do ZX
Spectrum pro MSX.
A obra foi lançada em países
europeus no ano de 1986. E ainda que não seja monocromático, o uso das cores
não tem o característico bom gosto dos jogos da Konami. O mesmo pode ser
dito da trilha sonora e dos sons. Mas o que realmente destoa de todos as demais
produções da empresa japonesa é a jogabilidade sem fluidez, em conjunto com as limitações do MSX para implementar efeitos de scroll competentes.
Tive contato com esta pérola
quando adquiri a fita da Engesoft MSXK-13.
Como admirador da versão original
dos fliperamas (e sem saber de todo o chafurdo na produção desta versão para
MSX), fiquei mais do que animado para jogar. Eu não precisaria gastar dinheiro com fichas no fliperama. Não via a
hora de carregar o jogo e partir para a ação. Nas palavras do manual de
instruções da Engesoft, "não perca tempo, vá capturar seus amigos".
Pois foi só iniciar o jogo e a
decepção tomou conta. Eu esperava algumas limitações na versão do MSX em relação ao original dos fliperamas. Mas não da forma vista. Ainda assim, muito joguei, a ponto de finalizar a jornada
sem muitos problemas nos tempos áureos. Basta se adaptar à jogabilidade lenta e memorizar os
padrões de ataques dos inimigos. Um aspecto positivo na versão da Engesoft é
o fato de os textos estarem traduzidos para o idioma português brasileiro. Não
exatamente algo essencial, mas ainda assim bastante elogiável. E confesso que, com o passar do tempo, comecei a apreciar o "charme tosco" do jogo.
Segue então um vídeo com a obra completa, na versão da Engesoft.
É ou não é o pior jogo da Konami
para o MSX?
Tem o WEC Le Mans, mas esta já é outra conversa.