sexta-feira, 16 de agosto de 2019

O jogo de faroeste imaginário

E vamos com mais um momento de Saudosismo Maldito. Desta vez discorrerei sobre dois jogos eletrônicos. Um deles é um bom jogo do MSX. O outro... bem, o outro só existiu na imaginação deste singelo escriba.



O ano era 1990. Ao folhear a antológica revista CPU MSX #16 (a primeira edição que adquiri desta publicação), eis que leio sobre Gun Fright, um jogo situado no Velho Oeste para o querido MSX.


A introdução da reportagem era instigante, propondo uma ótima aventura para o computador de 8 bits, em que o jogador assume o papel do xerife em uma cidade do Velho Oeste assolada por famigerados bandidos.


A matéria da revista destacava os objetivos, personagens, itens e obstáculos do jogo, bem como dicas e estratégias, além de um mapa. Entretanto, não dava detalhes sobre o estilo do jogo. Assim, logo imaginei se tratar do clássico formato de progressão lateral, tão comum à época. A imaginação foi longe: imaginei o xerife, com um colete preto e uma camisa azul, um lenço vermelho, chapéu branco, cabelos escuros, em frente a um saloon, pronto para enfrentar meliantes. A seguir tento da melhor maneira possível reproduzir o que seria o início do jogo, bem como o visual do personagem, de acordo com esta minha "imagem mental", a partir de uma edição do personagem Billy, do igualmente clássico Sunset Riders (com cenário do jogo Blood Bros.).

 

O xerife, munido de uma bela pistola Colt 45, andaria por cenários típicos de faroeste, disparando contra diferentes adversários sem piedade. E tudo regado a músicas de filmes do gênero, em versões sintetizadas pelo MSX. Obviamente, o computador não era capaz de oferecer todo o esplendor que minha imaginação produzia. E mesmo ciente disto, o exercício imaginativo muito me agradava.

A inspiração provavelmente veio do memorável jogo de fliperama Express Raider (também conhecido como Western Express), lançado pela Data East em 1986, igualmente com temática do Velho Oeste.


O estilo do jogo que imaginei seria parecido com a segunda parte de Gonzzalezz, obra lançada para o MSX e outros computadores pela Opera Soft, em 1989. O mesmo pode ser dito do estilo e da paleta de cores de Vigilante (lançado nos fliperamas pela Irem, em 1988).

 
Também é curioso notar que o xerife de minha imaginação lembra um pouco o personagem de Iron Horse, produção da Konami que chegou aos fliperamas em 1986 e com a qual nunca tive contato (ao menos não até onde lembro) antes dos advento dos emuladores.


E, é claro, um pouco do que imaginei enfim vislumbrei no já mencionado Sunset Riders. A diferença principal é que imaginei um jogo para apenas um jogador, com ritmo mais cadenciado, ao contrário dos quatro jogadores em ação frenética, como visto no clássico lançado pela Konami (em 1991 nos fliperamas e posteriormente para Mega Drive e Super NES).


No fim das contas, o jogo do MSX nada tinha a ver com o que fantasiei. É um adventure com perspectiva isométrica (com alguns estágios de tiro em primeira pessoa), monocromático, com poucas músicas e efeitos sonoros simples. Mas não menos divertido. O xerife em nada se parece com o que havia imaginado. Mas tem seu charme.


No início do jogo, o xerife precisa disparar contra sacos de dinheiro que caem do céu, a fim de juntar recursos para comprar munição, alugar cavalos ou pagar multas, caso mate acidentalmente as senhoras indefesas que perambulam pelas ruas da cidade (indefesas, mas nem tanto, já que um simples toque delas é capaz de matar o xerife).

O anão "dedo-duro", uma senhora indefesa e o cavalo
Encerrada a primeira etapa, tem início o jogo em si. O xerife encontra-se em frente à delegacia da cidade e deve percorrer o mapa para encontrar o bandido procurado. O cartaz com a imagem do meliante é apresentado no lado esquerdo da tela.


Durante a busca, o xerife pode se orientar através do anão "dedo-duro", que surge para apontar em qual direção o bandido se encontra. Também é possível encontrar cavalos, para percorrer as distâncias mais rapidamente.


Uma vez encontrado o bandido, é preciso acertar um disparo contra ele. Feito isto, a tela do jogo muda novamente para o estilo em primeira pessoa, com um duelo contra o vilão. É essencial cuidar da munição. Duelar com munição baixa é morte certa. Derrotado o inimigo, inicia-se um novo estágio, em busca de outro meliante.

 

Chama a atenção a galeria de bandidos do jogo, repleta de notórios personagens do Velho Oeste.

 
 
 
 

Eis um breve vídeo da obra:


E foi assim que um jogo se tornou dois para mim. Sempre que lembro de Gun Fright, o xerife imaginário surge para reiniciar meu devaneio de como teria sido aquele jogo, se de fato tivesse existido, para o MSX ou qualquer outra plataforma.