Com a recente notícia publicada no BJC, sobre a descarada, sem-vergonha, imoral, abusiva, ridícula e imbecil
taxa adicional que a (outrora respeitável, mas atualmente deplorável) empresa
chamada Correios passará a cobrar a partir de junho, sobre produtos importados
JÁ TRIBUTADOS, é impossível não se revoltar com o visível subterfúgio
arrecadatório desta medida, oriunda da mais completa incompetência, ganância, má
vontade, má fé e incontestável abuso de um governo e seus instrumentos
(Alfândega e Correios), dos quais o cidadão brasileiro é refém.
Com essa intensa sanha tributária
e taxativa, a mensagem que o governo passa é: "existe coisa muito melhor
lá fora, mas você não pode tê-la, a menos que me pague, mas pague muito. Sendo
assim, é melhor se contentar com as porcarias que ofereço aqui dentro, com
valores igualmente exorbitantes. E fim de papo".
Eu nem precisaria mencionar a
profunda inversão de valores e falta de bom senso que nosso país enfrenta em
dias atuais. Um país que vê seus setores básicos de educação, saúde, segurança,
transporte público, planejamento urbano, entre tantos outros, completamente
abandonados, em favor de uma Copa do Mundo onerosa aos cofres públicos (nossos
bolsos), com construção e renovação de estádios, obras superfaturadas e
atrasadas, dinheiro sendo entregue a entidades não-merecedoras (FIFA e CBF),
quando deveria ser aplicado em tantas outras questões mais importantes. Uma
nação onde não há planejamento familiar, onde controle de natalidade é oferecer
preservativos durante o Carnaval, onde nada se leva a sério e tudo vira piada,
onde o que vale é levar vantagem em tudo, onde não é preciso pão quando se tem
circo, onde a politicagem rola solta, onde o crime compensa.
São situações muito mais urgentes
do que a nova e ridícula taxa adicional dos Correios. Mas este acontecimento só
mostra, sob a lente de um microscópio, ao menos para os colecionadores (na
maioria, integrantes da classe média, o real motor deste país), como temos
nossas liberdades, direitos e salários disfarçadamente roubados, todos os dias,
com taxas, tributos, impostos, multas, aumentos de preços, descontos em folha e
similares.
O certo é que vivemos em um país
que nivela tudo por baixo, onde se visa o imediatismo e o lucro fácil. Nossa
indignação não se transforma em atitude e o baile do absurdo segue sem parar.
Ainda assim, as manifestações nas ruas mostram que o povo chegou a seu limite
de tolerância. Mas nós, o povo brasileiro, nunca fomos conhecidos por nossa
eficiência em mudar as coisas erradas em nosso país. Esta é a triste verdade.
Passada a frustração imediata
após ler o texto do Alexandre Prestes, o primeiro pensamento que vem à mente é:
"Desisto"! Desisto de colecionar, desisto de comprar no exterior,
desisto de comprar no Brasil, desisto do Brasil. Chega. Minha
"carreira" como colecionador se encerra agora.
Com todas as questões envolvendo
impostos antecipados, tributações, falcatruas, roubos, sumiços e tudo mais, eu
já tinha reduzido compras no exterior drasticamente. Agora, não pretendo
comprar qualquer coisa lá fora. E vou reduzir ainda mais as compras aqui
dentro. Pois é, não vou comprar produtos que sequer existem no Brasil. E também
não comprarei as porcarias que são lançadas aqui. Meu dinheiro vem do meu suor
e a eles dou valor.
Mas aí vem a pergunta: é possível
fazer alguma coisa? Não me refiro a baderna e quebra-quebra (embora dê
vontade). Algo dentro da lei, dentro do processo democrático? Algo que garanta
o nosso direito de comprar um produto e recebê-lo em nossas casas, sem qualquer
custo adicional (afinal de contas, pagamos impostos altos e tributações
absurdas para isso), independente da origem do produto?
Enfim, acho que o primeiro passo
é divulgar ao máximo este texto. Depois, obter mais informações sobre todo este
caso. E tentar algo para cancelar estas cobranças descabidas. Quanto à situação
do país, 5 de outubro pode ser a última vez em que me envolverei com
esta nação. Ou mudamos o atual panorama de nosso país ou, realmente, desisto.
E, assim que puder, mudo de país. É a este ponto que minha intenção está
chegando. Lembram de uma outra época em que este tipo de pensamento foi
inferido aos brasileiros?