Eis meus breves pitacos sobre o novo filme do carcaju. Texto sem spoilers.
Então vamos lá, xará.
Depois de X-Men Origens: Wolverine, muita gente pensou que a carreira cinematográfica do mutante mais famoso do Universo Marvel havia se encerrado, principalmente em filmes-solo. Mas eis que este novo Wolverine - Imortal surge para redimir o personagem.
Com base na famosa e celebrada HQ de Chris Claremont e Frank Miller (relançada no Brasil há alguns anos com o nome de "Eu, Wolverine"), este novo filme é a melhor adaptação do personagem para o cinema.
Assim como o gibi, a trama do filme se passa no Japão, onde Logan vai aprender sobre vingança, honra, paixão, confiança. E embora não seja uma tradução literal do gibi para as telas, os melhores aspectos e alguns momentos memoráveis estão representados.
Após os eventos de X-Men: O Confronto Final, Logan abandona a equipe e parte para um isolamento, a fim de encontrar paz interior. Entretanto, é constantemente assombrado por sonhos com Jean Grey. Eventos o levam ao Japão, onde se envolverá com o clã Yashida, cujo patriarca, salvo por Logan na Segunda Guerra Mundial, deseja retribuir o favor, oferecendo ao mutante a chance de se tornar mortal. Não vai demorar para que Logan se veja envolvido em uma trama de traições e mortes, ainda mais ao se aproximar de Mariko, herdeira do clã Yashida, por quem se apaixona.
O ponto forte do filme, obviamente, é Hugh Jackman. Além de ser o ator que mais interpretou um mesmo herói no cinema, Jackman tem verdadeira gratidão e conhecimento pelo personagem que lhe trouxe fama internacional. E a dedicação aparece, seja na excelente forma física ou na interpretação sempre correta e, ainda assim, sempre com alguma nuance. Assim como Christopher Reeve com o Super-Homem, vai ser difícil alguém conseguir superar a interpretação de Hugh Jackman como Wolverine.
O roteiro também ajuda, resgatando diversas passagens da HQ e se mantendo fiel a elas. É justamente quando tenta inovar que o roteiro falha, ao incorporar elementos de ficção científica, que se mostram, no mínimo, inconsistentes com o resto da trama.
Mas há ótimos momentos, saídos diretos do gibi. A cena inicial com o urso, Wolverine contra ninjas. O duelo contra Shingen. Shingen, aliás, deveria ter sido melhor explorado, mas ao menos o que foi mostrado é fiel ao gibi. O mesmo pode ser dito de Yukio, mostrada aqui como uma mutante com o dom de vislumbrar imagens do futuro (ao invés da assassina profissional do gibi). A adaptação da personagem é interessante e, embora se desvie do original, não compromete.
O relacionamento entre Logan e Mariko também deveria ser apresentado com mais calma. E não era preciso colocá-la entre três homens: Logan, Harada e Noburo. Harada, aliás, é o Samurai de Prata nos gibis, mas não no filme (opa, falei que não teria spoiler, mas enfim).
As cenas de ação são boas e competentes. Até a perseguição no trem-bala, que tinha tudo para ser exagerada e apenas um monte de efeitos especiais, se mostra interessante e funciona. E a idéia de tirar temporariamente o fator de cura de Wolverine se mostrou acertada, criando tensão real em cada momento. E alegrando o espectador quando o mutante finalmente recupera seus poderes. E o personagem mostra toda sua ferocidade nos combates, embora quase não se veja gota de sangue. Mas uma versão do diretor, sem cortes, está prometida para os lançamentos em home video. Então o jeito é esperar...
Os pontos fracos: a presença da Víbora, que no gibi original nem aparecia, assim como o Samurai de Prata. Ambos só foram mostrados em histórias posteriores, mas aqui ganham mais destaque. Novamente, a presença da Víbora é completamente desnecessária. Teria sido mais interessante se Logan fosse o único mutante (e o único ocidental) na trama. Tornaria seu deslocamento ainda mais visível, como acontecia no gibi. E o Samurai de Prata fica completamente descaracterizado, parecendo muito mais uma versão nipônica do Homem de Ferro do que qualquer outra coisa. Por um lado, é interessante e faz uma ligação, embora involuntária, com os filmes da Marvel. Entretanto, é um elemento que acaba aparecendo exagerado, apenas para criar uma reviravolta (previsível) na trama e não funciona tão bem. Outra vez, não precisava.
Exceto por estes pontos e alguns furos bobos no roteiro (Logan perdeu a memória, mas lembra bastante de eventos da Segunda Guerra, por exemplo), o filme se mostra um ótimo entretenimento, um bom filme de ação e uma ótima representação do personagem. Era algo que Wolverine, Hugh Jackman e os fãs há muito mereciam.
E para encerrar, há uma cena após os créditos do filme. Só escreverei isto: que venha X-Men: Dias De Um Futuro Esquecido.