quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

O ninja dos ninjas

É chegado o momento de mais um aprofundado estudo sobre uma "pérola do MSX". Mas desta vez sem ironias, já que o objeto de análise é um verdadeiro clássico (ao menos para este que vos escreve): o inigualável Candoo Ninja.



Shinobi e Ninja Gaiden. O primeiro surgiu nos fliperamas em 1987 e foi se aventurar no Master System em 1988. O segundo deu as caras no NES no mesmo ano. Ambos fizeram sucesso estrondoso e entraram para o panteão dos ninjas mais famosos do mundo dos games.


Mas nenhum deles é páreo para o guerreiro mais misterioso da era dos 8 bits. Tão misterioso que era chamado apenas de "Ninja".


O personagem é o herói de Candoo Ninja, jogo desenvolvido em 1983 pela Mass Tael e lançado em 1984 para o garboso MSX pela ASCII Corporation.

 
Pode procurar, não há versão para outro sistema. O Ninja é exclusivo do MSX. E é anterior aos ninjas mais famosos citados acima. Também é anterior ao Sucessor de Togakure, de 1988.

Citação gratuita com objetivo único de inserir imagem do Incrível Ninja.
A bela ilustração da capa (com o misterioso Ninja empunhando espada, pronto para enfrentar os inimigos) era suficiente para despertar o interesse. Além do mais, gosto de pensar que esta arte serviu como inspiração para o igualmente memorável Space Ninja (também de 1988. que parece ser o ano dos ninjas).


De volta à pauta. Trata-se de um divertido jogo de ação, dividido em quatro fases, nas quais o Ninja deve invadir um castelo inimigo, enfrentar diversos obstáculos, recuperar itens e fugir do local. A obra apresenta bons gráficos e sons corretos. Mas apenas uma música que se repete durante toda a aventura. A jogabilidade é simples. Em cada fase há ações diferentes a serem executadas.

A primeira fase ocorre na entrada do castelo. O Ninja precisa avançar, saltando sobre buracos e evitando pássaros que lançam pedras contra o herói. Além disso, há bicicletas equipadas com espadas, que oferecem mais uma dose de perigo. O personagem se move para os lados e salta.


A segunda fase se dá no porão do castelo. Agora o Ninja deve enfrentar outros ninjas em combates com espadas. Ao derrotar cada inimigo, surge um diamante. É necessário recuperar oito diamantes para avançar. Aqui, além dos movimentos usuais, é preciso subir em cordas e se equilibrar em troncos flutuantes. E há dois golpes possíveis com a espada: agachado ou um salto. Ambos têm a mesma eficácia. O salto é mais bonito, mas mais aberto aos ataques do inimigo. Cada jogador deve decidir como atacar.

Por via das dúvidas, o golpe agachado.
Recuperados os diamantes, é hora de fugir do castelo. A terceira fase coloca o Ninja diante de oito cordas. Em cada corda há uma chave que deve ser recuperada, para abrir as portas do castelo. Ao subir em cada corda, é preciso evitar novamente os pássaros que atiram pedras, enquanto flechas são disparadas contra o herói. Além de desviar, é possível lançar shurikens contra flechas e pássaros. E ainda há buracos e bicicletas com espadas novamente.


Finalmente, o Ninja deve subir por uma longa corda até a porta do castelo. Nesta quarta fase o herói deve evitar as investidas de morcegos, além dos ataques de ninjas inimigos. Novamente, shurikens podem ser usadas contra os adversários.


Encerrada a quarta fase, o que acontece? Se você é um veterano dos bons tempos, deve ter imaginado: NADA. Não, não há uma tela de congratulações (ninjas de verdade não precisam disso). O jogo apenas reinicia da primeira fase, mas agora com um nível maior de dificuldade (a primeira fase agora tem labaredas de fogo nos buracos, na segunda os ninjas estão mais rápidos, há mais pássaros na terceira, a corda está em chamas na quarta). Os níveis mais avançados também podem ser selecionados na tela inicial, onde são apresentados três modos de jogo: Practice Only, Normal Play e Arcade Level. Uma vez esgotadas todas as chances do jogador, surge apenas a tela de Game Over.


 
No Brasil, o jogo foi lançado em cartucho pela Sharp-Epcom com o título de "Ninja I". Foi o primeiro cartucho que adquiri (provavelmente em 1985, se não me falha a memória). Para ser exato, o primeiro cartucho que adquiri, na verdade, foram dois, já que junto com este "Ninja I" também comprei "O Tesouro Perdido", versão brasileira do clássico "The Goonies" (que logo, logo será meticulosamente estudado neste blog).


Muito, mas muito joguei, ao ponto de me tornar um perito. Infelizmente, a perícia diminuiu com o tempo, mas basta alguns minutos de jogatina para a "memória muscular" reacender. Durante um bom tempo, participei de disputas acirradas com um amigo, a fim de descobrir quem conseguia chegar mais longe no jogo e obter maior pontuação. O vencedor conquistaria o "cinturão", um prêmio imaginário criado por nossas mentes juvenis (até hoje não sabemos de onde veio a idéia, provavelmente baseamo-nos nos cinturões dados a campeões de boxe, luta-livre, etc).

E este é o Ninja. Memorável. Incomparável. Eterno. O ninja dos ninjas. Nenhum outro ninja ousaria enfrentá-lo.


Será?