Dois "Causos de Cidra Beach" que atestam: não me tire do sério, pois, na hora de rogar praga, não falho.
Os relatos a seguir só poderiam
ter acontecido na localidade litorânea mais sensacional das galáxias. Sem
maiores delongas, vamos a eles então.
Em meados dos anos 1980, em algum feriado, nos "velhos tempos de inverno", fui ao centro da
cidade com meu irmão e alguns amigos. O passeio era sempre o mesmo: caminhar
pelas ruas centrais, jogar fliperama, olhar as revistas na Casa do Leitor, fazer um lanche. Nesta ocasião, após
findado o passeio, rumamos para casa, andando até o final da avenida central,
em direção ao bairro. De repente, olhei para cima e vi o céu nublado,
carregado. Sem titubear, proferi:
- "Ih, acho que vai
chover".
Como se fosse uma ordem, pingos
de chuva começaram a cair, primeiro devagar, mas, a cada segundo, com maior
intensidade. Corremos para nos abrigar na área de uma casa. Esta estava fechada e era acessada através de
uma escadinha de poucos degraus. Assim que nos posicionamos no local, um
dos amigos olhou para mim e disse:
- "Uh, boca santa"!
Felizmente, a chuva parou poucos minutos depois e fomos embora. Um acontecimento curto, mas memorável A casa ainda existe e pode ser vista na imagem abaixo:
Na época não havia cerca. Que tempo bom, que não volta nunca mais... |
O segundo relato aconteceu no início dos anos 2000. Alguns amigos formaram um banda
de punk rock (Baratas Urbanas mandaram lembranças) e tentavam obter
sucesso em sua empreitada. Eu tentava ajudar como podia: criei uma página da
banda nas interwebz, tentamos contato com alguns artistas proeminentes na cena
da época, acompanhei ensaios, levei amigos para buscar equipamentos em cidades
vizinhas. Enfim, quando havia disponibilidade, não me negava a ajudar. E,
assim, me sentia parte da equipe.
Pois em um fim-de-semana de inverno, a banda conseguiu espaço para tocar em um bar no centro da cidade. Os amigos me convidaram, dizendo inclusive que eu não precisaria pagar ingresso. Combinamos de ir todos juntos para o local, mas por razões que não lembro mais, a banda foi antes.
O recinto, em imagem de 2011. |
Quando enfim cheguei, por estar
separado dos demais, não me foi permitido entrar sem pagar. Pedi ao atendente
da bilheteria que chamasse um dos membros da banda, para que liberasse meu acesso. Um deles veio à porta e perguntou se eu poderia entrar. O
atendente repetiu que não. O amigo simplesmente deu de ombros e voltou para dentro.
Acabei pagando o ingresso para
entrar. Fiquei chateado, mesmo com o valor sendo irrisório. Meus amigos
começaram a rir e fazer chacota. Sem pestanejar, profetizei:
- "Quando vocês forem tocar,
vai faltar luz".
Todos continuaram a rir. Um grupo de pagode se apresentou primeiro. Tudo tranqüilo, sem eventualidades. Enfim,
chegou o momento da banda subir ao palco. Instrumentos ligados, todos
posicionados, público na expectativa do rock 'n roll. O amigo guitarrista deu o primeiro acorde em seu instrumento e...
Faltou luz!
Mas não faltou luz apenas no
local ou nas imediações. Faltou luz em Cidra Beach inteira, além da cidade
vizinha. E só foi voltar no dia seguinte.
Desolados, os músicos, o
público e os donos do bar não tiveram opção a não ser ir para
casa. No fim, havia uma pessoa que estava rindo à toa. Adivinhe quem era...
Enfim, repito: nunca pise nos meus calos. Pode ser divertido na hora, mas também pode ser o momento de uma de minhas "profecias". Quem avisa, amigo é.