terça-feira, 7 de março de 2017

O ultimo mutante

Assisti a Logan, última incursão cinematográfica de Hugh Jackman como o carcaju mais amado das HQs. Já aviso: texto COM SPOILERS.



A produção é um road movie, que mescla elementos de ação, drama e suspense, com uma pitada de super-heróis no meio. Um ótimo filme, sob competente direção de James Mangold, a mostrar um futuro não muito distante, no qual um Wolverine cansado e envelhecido (que tenta proteger um Charles Xavier também envelhecido e doente) encontra Laura, uma misteriosa menina perseguida por um grupo igualmente misterioso. E Logan enfrenta um sério problema: talvez em decorrência dos acontecimentos de Wolverine: Imortal ou devido ao próprio adamantium que blinda seus ossos, seu fator de cura está cada vez mais fraco e sua saúde já não é a mesma.

A grande revelação é Dafne Keen, que interpreta Laura (ou X-23, como queira), calada quase o filme inteiro e entregando uma performance carismática apenas com olhares, movimentos e outras reações.

 
Sobre Patrick Stewart não há surpresa. Apenas mais uma interpretação excelente, desta vez apresentando o mutante mais poderoso da Terra completamente debilitado, sem o total controle de sua mente e de seus poderes, o que pode ser (e foi) desastroso para toda a humanidade. Até em fotos Stewart nos convence da condição sofrida de Xavier.

 
E quanto a Hugh Jackman, é preciso comentar? Foram 17 anos de Wolverine, com uma evolução e novas nuances a cada filme (sem contar o contínuo processo de dieta e exercícios). Só o carisma e a competência do ator já seriam suficientes, mas ele consegue tirar proveito da trama e apresentar um Logan amargurado e enfraquecido, mas ainda capaz de selvageria, quando necessário. 


O roteiro é bastante coeso e sóbrio. Quase não dá para dizer que se trata de um filme de super-heróis. Assume um tom sério, com um final melancólico. Há espaço para humor, geralmente envolvendo Logan e Laura (mas Xavier rouba diversas cenas). E a ação é mostrada de forma competente e sem pudores: toda a fúria do carcaju é apresentada. E é impactante vê-lo lutando ao lado da X-23.

O terceiro ato, quando Logan encontra e ajuda um grupo de crianças, lembrou demais Mad Max Além da Cúpula do Trovão, incluindo uma cena em que as crianças recauchutam o visual do protagonista. E a morte de Logan, embora emotiva e definitiva, trouxe ecos do telefilme A Morte do Incrível Hulk, cuja cena final também mostra o protagonista, supostamente indestrutível, a contemplar a própria mortalidade.

 
Enfim, um bom entretenimento e um final competente para a jornada de Wolverine nos cinemas (até a próxima versão do personagem, é claro). Difícil vai ser encontrar alguém tão carismático e que consiga acertar o tom do personagem desde o princípio, como aconteceu com Jackman. Ou como diria o profeta:


Obrigado por quase duas décadas de dedicação e respeito, Hugh!