Finalmente assisti a O Cavaleiro Solitário, nova adaptação do popular herói do velho oeste.
E querem saber? O filme não é tão ruim assim.
A ambiciosa e cara produção reapresenta o clássico personagem às novas gerações. O filme é dirigido por Gore Verbinski, produzido por Jerry Bruckheimer e estrelado por Johnny Depp, o mesmo trio responsável pela franquia Piratas do Caribe.
E tal qual as produções da citada franquia, este filme possui os mesmos defeitos: é longo demais (em alguns momentos enfadonho), com muitas piadinhas bobas, que acabam "tirando o encanto" em certos momentos. Um personagem principal que fica entre o herói relutante e o completo bobalhão, fazendo com que seu ajudante seja mais relevante e interessante (algo que também aconteceu com o filme do Besouro Verde, por exemplo), personagens completamente descartáveis (como a Red de Helena Bonham Carter) e uma profusão de coadjuvantes que acabam ganhando destaque demais, fazendo com que se perca tempo onde não era preciso.
Tudo isso, além de diversos problemas durante a produção do filme (que chegou a ser abortada), só contribuíram para o péssimo resultado nas bilheterias. O filme custou aproximadamente US$ 215 milhões, mas arrecadou "apenas" US$ 90 milhões, sequer se pagando.
Ou seja. O filme é uma porcaria, certo?
Errado.
É aquela velha máxima: filme não se avalia por bilheteria.
E se a nova adaptação não é uma obra-prima, também não é a completa bomba que todos alardeavam.. A produção faz uma boa reconstituição de época. E a mitologia do herói é respeitada. Estão lá o relacionamento com o irmão, a emboscada no cânion, a máscara feita a partir das vestes do irmão, o cavalo Silver, o dilema entre vingança e justiça e assim por diante.
O fiel ajudante Tonto, no final das contas, acaba se tornando o personagem principal da obra, tanto como narrador da trama, quanto como protagonista da mesma. Não poderia ser diferente, já que Johnny Depp assumiu o papel, mesmo que seu trabalho neste filme não apresente qualquer diferencial além do visual, sendo apenas mais uma de suas "interpretações amalucadas".
Há boas doses de humor no filme, embora em vários momentos a vontade de "ser engraçadinho" estrague situações que poderiam render muito mais. E as cenas de ação, apesar de alguns exageros típicos dos filmes atuais, são competentes. É impossível não se empolgar quando a ação começa, ao som da famosa música-tema do personagem (que, como todo mundo sabe, até minha vó sabe, foi retirada do "Tema de Guilherme Tell", da ópera de Gioachino Rossini).
Enfim, apesar de todos os defeitos, o filme tem bons momentos. É uma boa adaptação, um filme mediano que, ainda assim, rende um bom entretenimento, apesar de sua longa duração. Em um dia de chuva então, com mais nada para fazer, em uma versão mais "enxuta" na Sessão da Tarde, por exemplo, será uma boa pedida.
P.S.: Uma curiosidade: o Cavaleiro Solitário, John Reid, é tio-avõ do Besouro Verde, Britt Reid. Ambos foram criados por George W. Trendle e Fran Striker, para programas de rádio. O Cavaleiro Solitário em 1933 e o Besouro Verde em 1936.