Deixo aqui resenhas de três filmes vistos recentemente.
A Hora do Espanto (2011)
O filme original é um "clássico dos anos 80", com charme próprio e efeitos visuais hoje datados, mas competentes na época. Tinha um elenco igualmente competente (mesmo em sua canastrice) e prestava uma bela homenagem aos filmes de vampiros e monstros do passado, sejam os clássicos da Universal ou da Hammer (o Peter Vincent interpretado por Roddy McDowall é o Van Helsing do Peter Cushing, apenas mais medroso e com menos sucesso).
E então inventaram este remake. Claro que o filme original não é nenhuma obra-prima intocável (ou "imexível", como diria o Magri, lembra dele, amiguinho, ou você é um garotinho juvenil mesmo?). Entretanto, este remake, apesar de atualizar a trama e apresentar algumas novas e interessantes idéias, não chega aos pés do original; falta charme e carisma por parte dos intérpretes.
Colin Farrell tenta, mas não consegue acertar na canastrice que outrora Chris Sarandon apresentou com propriedade. E isso que Farrell é uma das melhores coisas do remake. O Peter Vincent rejuvenescido e beberrão deste remake não convence.
Já o protagonista vivido por Anton Yelchin até causa alguma simpatia, mesmo tendo sua personalidade alterada nesta refilmagem, do cara bacana e fissurado em filmes de monstros do original, para uma pessoa não tão legal, que abandonou seus amigos nerds da infância para se ajustar a um grupo de "mauricinhos" e conquistar a garota dos seus sonhos. Esta por sua vez, deixa de ser a mocinha angelical do filme original para tornar-se uma típica mulher do novo milênio, que toma a iniciativa na relação sexual (o que quebra um pouco o "encanto virginal" que havia no original, encanto este que seria maculado pelo vampiro).
Pelo menos, este "A Hora do Espanto" é uma filme de vampiros de verdade, ao invés dos "pseudo-vampiros-apaixonados-emos-fadas que brilham ao sol" de "Crepúsculo".
Enfim, com algumas mudanças de personalidades, cenas de perseguição, efeitos CGI nem sempre tão bem elaborados e pouco suspense, o remake de "A Hora do Espanto" acaba sendo uma fraca tentativa de atualizar um filme que não necessita de atualização, pois pertence ao seu próprio tempo (os anos 1980), assim como os filmes da Universal e da Hammer.
Cowboys & Aliens
Eis uma idéia interessante, oriunda de uma história em quadrinhos: mesclar a temática do velho oeste com naves espaciais, alienígenas, explosões, uma galera do barulho e muita confusão. Podem ter certeza que Cowboys & Aliens será um "clássico da Sessão da Tarde".
A "galera do barulho" não poderia ser melhor, a começar pelo primeiro e único, Harrison Ford, que apresenta um personagem complexo, embora o espectador só perceba isso próximo ao final do filme.
Daniel Craig é o protagonista, um homem que acorda no deserto, sem memória e com um estranho bracelete em seu pulso. O que deveria ser apenas uma busca para lembrar quem é e o que aconteceu, torna-se um combate devastador, quando alienígenas iniciam um ataque a uma cidadezinha no remoto velho oeste.
É nesta cidade que Craig encontra os personagens de Clancy Brown, Sam Rockwell e Olivia Wilde. Os dois primeiros, sempre competentes e carismáticos. Já a sempre linda Olivia Wilde desempenha o papel de ser sempre linda, mas sua personagem reserva algumas surpresas.
O filme apresenta os clichês pertinentes a ambos os gêneros, velho oeste e ficção científica, de forma franca e divertida, embora pudesse mostrar os caubóis um pouco mais espantados com a possibilidade de estarem enfrentando "demônios".
Em geral, são duas horas de bom entretenimento, boas cenas de ação e efeitos visuais competentes.
Planeta dos Macacos: A Origem
Contar as origens de qualquer saga ou franquia é sempre complicado e arriscado (Star Wars que o diga). Com "O Planeta dos Macacos" não é diferente.
Aqui temos finalmente um vislumbre de como os símios adquiriram inteligência e dominaram o planeta, como visto desde o filme original de 1968.
A trama acompanha um jovem cientista, Will Rodman (James Franco), que se mostra determinado e obcecado em encontrar uma cura para seu pai (o sempre excelente John Lithgow), que sofre do Mal de Alzheimer.
A partir de testes com macacos, Rodman cria uma primeira versão da cura; entretanto esta se mostra um pouco instável e o macaco (uma fêmea) que servia como cobaia, após um infeliz incidente, acaba sendo sacrificado, não sem antes deixar um filhote no mundo, o macaquinho César. Este é então adotado e criado por Rodman.
Através de mutações ocorridas no DNA, passadas de mãe para filho, César demonstra grande desenvolvimento cognitivo, fazendo com que Rodman trabalhe em uma nova versão da cura, que desta vez se mostra bem-sucedida. Mais do que isso, além de curar as células degeneradas, a cura aumenta as capacidades em células normais.
O que ninguém esperava (na verdade, todo mundo já deveria imaginar) é que César usaria a cura para dotar seus semelhantes de inteligência, após testemunhar e ser vítima de maus tratos por outros humanos. E a partir daí, a trama se desenvolve para mostrar como os macacos passam a atuar para conquistar o planeta.
Trata-se de um filme interessante, com temas sempre recorrentes: o abuso aos animais "em prol da ciência", o desrespeito a idosos e enfermos, a obsessão por controle típica dos seres humanos e a revolta causada pela opressão das minorias ou das classes (ou das espécies).
Efeitos visuais excelentes, principalmente no símio protagonista, interpretado por Andy Serkis, através da captura de movimentos. Além disso, algumas referências ao filme original (as notícias sobre os astronautas desaparecidos na primeira viagem tripulada a Marte, por exemplo).
Enfim, esta prequel consegue se encaixar de maneira competente ao "cânone" da franquia original, através de um bom filme, com aquela mesma mensagem ecológica que estamos cansados de ouvir, mas mesmo assim continuamos ignorando.